Dia de Campo apresenta as vantagens da integração Lavoura-Pecuária-Floresta no AM
O uso sustentável da propriedade rural, conciliando sistemas agrícolas, pecuários e florestais, proporcionando a ocupação da área de forma produtiva, é uma das finalidades do sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). O sistema, baseado na adoção de práticas conservacionistas tais como o plantio direto, a rotação e a sucessão de culturas, o consórcio de espécies, o manejo animal e a produção de madeira, oferece alternativas para a recuperação de pastagens degradadas, evitando a abertura de novas áreas de floresta.
A Embrapa está executando um projeto nacional de geração e transferência de tecnologias em sistemas integrados lavoura-pecuária-florestas e, na quinta-feira (06/05), a Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM), realiza o primeiro dia de campo para divulgar os resultados de suas pesquisas no Amazonas.
O evento será realizado no Campo Experimental do Distrito Agropecuário da Suframa, situado no km 54 da BR-174, a partir das 8h, e contará com a participação de produtores rurais, técnicos agrícolas, agências de fomento e demais interessados. De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Jasiel Nunes, a proposta do dia de campo é mostrar que este sistema se apresenta como uma alternativa para a recuperação de pastagens degradadas.
Com um rebanho estimado em 1,3 milhão, 75 mil e 54 mil bovinos, a pecuária é uma atividade presente em todos os 62 municípios do Estado do Amazonas. A atividade é responsável pela geração de 25 mil empregos diretos, 125 mil empregos indiretos e uma renda anual superior a R$ 230 milhões, números importantes para o interior de um Estado cuja capital é responsável por mais de 80% do PIB.
Desafios
Apesar da importância da pecuária para os municípios do interior do Amazonas, a atividade enfrenta muitos problemas. Diagnóstico realizado pelo projeto integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) em cinco dos municípios de maior rebanho: Boca do Acre, Apuí, Parintins, Careiro da Várzea e Itacoatiara revela uma situação de predominância de áreas de pastagens degradadas, deficiências no manejo animal e carência de suplementação mineral que resultam em baixos índices produtivos.
Segundo o pesquisador Rogério Perin, responsável pelos estudos na Embrapa Amazônia Ocidental, observou-se a existência de iniciativas de sucesso que revelam criatividade e empreendedorismo por parte de produtores na busca de melhoria de seus sistemas produtivos que, no entanto, esbarram em diversos obstáculos para uma adoção em maior escala. Entre estes obstáculos destacam-se o alto custo dos insumos, a falta de máquinas e implementos e a carência de tecnologias adaptadas aliada a um sistema de extensão rural de atuação limitada.
A Embrapa Amazônia Ocidental, por meio de ações ligadas ao Projeto iLPF, tem procurado interferir neste quadro através da identificação dos gargalos produtivos, do desenvolvimento de tecnologias apropriadas e também através da divulgação do conhecimento e transferência de técnicas. Ações de pesquisa estão sendo desenvolvidas em campos experimentais, unidades de referência tecnológica estão sendo estabelecidas em áreas de produtores e tem sido oferecidos cursos, palestras e dias de campo.
Resultados
Os resultados de pesquisa demonstram que agronomicamente, as culturas de milho e feijão-caupi são alternativas adequadas para utilização no processo de recuperação das pastagens degradadas. Com relação ao milho, as cultivares BR-106 e BR-5110 são as de melhor rendimento entre as testadas até o momento. As pastagens recuperadas por meio da integração tem apresentado índices muito baixos de infestação por invasoras e alta produtividade mesmo após três anos de uso intensivo, com produtividade de 20,5 toneladas de matéria seca por hectare/ano e capacidade de suporte de 2,5 unidades animais por hectare ao ano.
Por sua vez, o monitoramento do solo deixa claro as melhorias químicas proporcionadas pela adubação das culturas anuais enquanto os testes realizados para verificar a condição física demonstram tendência dos valores de densidade e porosidade serem melhores do que aqueles encontrados em pastagens degradadas ou mesmo de cultivos agrícolas solteiros.
As ações de pesquisa continuam com testes de variedades de milho, forrageiras (gramíneas e leguminosas), espécies arbóreas, métodos de plantio direto, sistemas sequenciais de integração lavoura-pastagem, níveis de adubação, níveis de oferta de forragem e alternativas de suplementação animal. Com estas ações busca-se gerar índices produtivos e econômicos que possam orientar os produtores e referenciar os órgãos responsáveis pela elaboração de políticas relacionadas ao desenvolvimento e a conservação ambiental do Estado.
Fonte: Maria José Tupinambá/
Empraba Amazônia Ocidental
Foto 1- Milho é alternativa do sistema (Foto: Jasiel Nunes)