Pasteurização diminui vitamina A no leite humano
A concentração de vitamina A no leite antes e após a pasteurização não é suficiente para suprir às necessidades nutricionais dos lactentes que se alimentam exclusivamente de Banco de Leite Humano (BLH). Foi o que afirmou a nutricionista Ana Maria Matos, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). As informações fazem parte da conclusão de seu trabalho feito por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic).
A pesquisa foi feita com 50 mães doadoras do BLH por um período de um ano na Maternidade Ana Braga, localiza zona leste de Manaus. As 50 mães doadoras tinham idades entre 17 e 37 anos.
A perda de vitamina A pelo processo de pasteurização foi de 32,51%. Matos explicou que para garantir a formação de reservas hepáticas e a proteção contra deficiência de vitamina A, seriam necessárias concentrações dessa vitamina no leite superiores a 80 μg/dL (microgramas por decilitro). Ela destacou que os médicos que fazem o acompanhamento de gestantes durante o pré-natal devem estimulá-las a consumir alimentos de origem animal e vegetal, ricos em vitamina A, durante e depois da gestação.
“Hoje, uma das metas mais importantes no novo milênio é reduzir pela metade a taxa de mortalidade e morbidade infantil. Segundo o Unicef, o aleitamento materno pode salvar a vida de 1,3 milhões de crianças no mundo a cada ano, e também proteger sua saúde e crescimento”, informou.
A pesquisadora destacou que o estado nutricional do recém-nascido está ligado ao leite materno durante as primeiras semanas de vida. A produção de leite não deve ser considerada do ponto vista quantitativo, mas do qualitativo.
Procedimento de análise
O leite foi coletado em condições para que se evitasse a contaminação por microorganismos. As amostras eram armazenadas em frascos de vidro e mantidas na geladeira até serem enviadas, semanalmente, para o BLH.
As amostras permaneceram armazenadas até a pasteurização, antes, porém foram descongeladas lentamente em temperatura de + – 7ºC em refrigerador e submetidas a uma temperatura de 40ºC em banho-maria durante 10 minutos, fazendo-se homogeneização para uniformizar a temperatura.
Na pesquisa foram retiradas, aproximadamente, alíquotas de 5 mL de leite de cada amostra, mesmo das mães dos bebês que apresentaram, ao nascer, peso de 2,5 kg. Algumas doadoras, segundo Matos, apresentaram sobrepeso durante a pesquisa entre 43 kg a 94 kg. Ela disse que a forma para recuperação rápida do peso adequado seria a amamentação.
Entenda o processo
Durante a pesquisa, foram utilizados um conjunto de métodos para as avaliações antropométrica (medidas de peso, altura e índice de massa corporal), dietética (onde se mediu a frequência e preferências alimentares das mães), análise de retinol e betacaroteno no leite materno (coletado pelo banco nas residências das mães doadoras que são cadastradas no BLH), caracterização dos recém-nascidos e avaliação sócio-econômica das mães (foram coletados da carteirinha dados do recém-nascido, como peso ao nascer. Das mães, os dados colhidos do tipo de parto, moradia, estado civil, estado de saúde e escolaridade).
Benefícios da vitamina A
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), a vitamina A é talvez a vitamina mais importante, pois desempenha importantes funções no organismo, como ação protetora na pele e mucosas.
A vitamina A confere elementos de defesa contra as infecções, ajuda no crescimento alimentar dos tecidos dando-lhes resistência às enfermidades, além de contribuir com o desenvolvimento e manutenção do tecido epitelial. Além disso, ajuda no desenvolvimento normal dos dentes e na conservação do esmalte e bom estado dos cabelos.
Estudos mais recentes vêm mostrando que a vitamina A age como antioxidante (combate os radicais livres que aceleram o envelhecimento e estão associados a algumas doenças).
Vanessa Leocádio – Agência Fapeam
Foto 2: divulgação