A hora e a vez da ciência
Houve um tempo em que a competitividade e a soberania de um país eram medidas pelo tamanho de seu exército e pelo seu poder de fogo. Os mais fortes acabavam subjugando os mais fracos e submetendo-os, inclusive, à mais cruel das dominações, que é a imposição de uma cultura sobre a outra. O Império romano é o exemplo mais clássico. Depois vieram outros colonizadores, como os portugueses, os espanhóis, os britânicos, os franceses. Diferentemente desse tempo, de triste lembrança, a competitividade e a soberania de um país hoje são proporcionais aos investimentos em tecnologia, inovação e capital intelectual de altíssima qualidade. Digo isso para me reportar ao fato de que o Brasil, depois de décadas e décadas de hesitação, inclusive com um intelectual sociólogo durante oito anos no poder, precisou que um metalúrgico assumisse a presidência da República para que, finalmente, essa questão merecesse tratamento privilegiado. Como a mídia brasileira pouca atenção dispensa ao assunto, é natural que muito pouco se saiba dos avanços na área. No plano nacional, cito apenas um exemplo contundente: há dez anos, o orçamento da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao MCT, era de 300 milhões de reais. Para este ano de 2008, supera os 2,5 bilhões de reais! No plano local, onde nunca se havia ousado investir nessa direção, o Sistema Estadual de C&T, via Fapeam, contabiliza, de julho de 2003 até maio deste ano, 125 milhões investidos em projetos de pesquisa para todas as áreas do conhecimento (com destaque para a área de saúde); em infraestrutura básica e avançada (aí incluída a montagem de laboratórios sofisticados nas instituições locais de ensino e pesquisa); na formação de capital intelectual (até este mês foram 595 e 273 bolsas concedidas, respectivamente para mestrado e doutorado); no estímulo ao envolvimento de crianças e jovens com o fazer científico (são 956 bolsas que contemplam estudantes e professores do ensino fundamental e médio); na inovação tecnológica nas micro e pequenas empresas, em parceria com o Governo Federal (há diversos produtos já em fase de comercialização), além de tantas outras ações. Tudo isso pode ser pouco para o muito que se deixou de fazer durante décadas, mas é um extraordinário e inegável feito que, além de dar ao Amazonas um grau de competitividade que em nada deixa a dever a tantos outros estados do Sul e Sudeste, em breve terá impactos sociais e econômicos perceptíveis a olho nu.
Fonte: www.odenildosena.info