A Rede Malária, artigo de Odenildo Sena


Li, sem surpresa, em uma revista semanal de informações que a Itália, ao lado da parte que lhe tem cabido da crise econômica gestada nos Estados Unidos, vem pagando muito caro por ter reduzido, nos últimos anos, seus investimentos em pesquisa, notadamente na área de biotecnologia. Li, com admiração, que o novo presidente americano cumpriu promessa de campanha e anunciou investimentos da ordem de 100 bilhões de dólares em pesquisa nas diversas áreas do conhecimento, como uma das respostas para enfrentar a crise. Li, com indignação, espanto e bastante apreensão, que o governo brasileiro, preocupado com as consequências da crise, que já bate forte em território nativo, reduziu, mais ainda, o orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia. O primeiro, um exemplo de descaso e falta de zelo que indiscutivelmente fragiliza o país e o coloca fora da rota de competitividade das grandes nações. O segundo, um exemplo de ousadia e objetiva compreensão de que o atraso científico compromete, hoje e amanhã, a histórica hegemonia daquela nação e coloca em risco a sua soberania. O terceiro, um exemplo de estreiteza burocrática que coloca em risco iminente, pela obtusa descontinuidade, tantos e significativos avanços alcançados no campo da ciência produzida no Brasil nos últimos seis anos do governo do presidente Lula. Justo no momento em que todos os ganhos indicavam que, finalmente, o país havia decolado de vez rumo ao seu merecido lugar na acirrada disputa entre as grandes nações pela maior competitividade, bem-estar e qualidade de vida de seus cidadãos. Mas há, no meio desse equívoco ainda reparável, ações que inspiram otimismo e fazem acreditar que a cultura do investimento em pesquisa no Brasil avança. Refiro-me ao lançamento em Manaus, ontem, da Rede de Pesquisa em Malária. Gestada na Fapeam, a proposta ganhou adesão das fundações estaduais de amparo a pesquisa do Pará, Maranhão, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, que, juntas, investirão 5,4 milhões, além do CNPq e do Ministério da Saúde, que entrarão com uma contrapartida de 10 milhões de reais. Trata-se de uma iniciativa pioneira no gênero e com uma lógica muito simples. De um lado, os parceiros se juntam e concentram os investimentos, evitando a dispersão de recursos e de resultados. De outro, somam-se as competências científicas dos estados participantes, cada um contribuindo com o melhor de sua excelência, em prol de objetivos comuns e pragmáticos que, certamente, darão algumas importantes respostas para ajudar no combate a essa moléstia que penaliza, sobretudo, as camadas menos privilegiadas da população. Sem dúvida, o maior beneficiado com os resultados será o Amazonas.

Fonte:www.odenildosena.info

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