Acordo de Pesca é ferramenta de preservação em Parintins
Projeto desenvolvido no município apresenta alternativa sustentável de manutenção do recurso pesqueiro disponível e ameniza conflitos sociais existente na região
“Eu sou um morador antigo daqui, já vi muita fartura, mas a cada ano que passa, a gente vai notando que os peixes vão ficando escassos. A gente vai percebendo que vão desaparecendo as riquezas da natureza quando a gente vai usando sem pensar no dia de amanhã”, afirma Edemir Teixeira, 62, morador do Macuricanã, região considerada o “celeiro pesqueiro” de Parintins.
A partir da preocupação com a escassez de pescado e a existência de conflitos envolvendo pescadores da comunidade e pescadores comerciais, os moradores da região do Macuricanã perceberam a necessidade de discutir regras sobre os limites territoriais, temporais e tecnológicos para a pesca praticada no local.
A comunidade procurou o escritório do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Parintins e solicitou ajuda para tomar uma providência conjunta e tentar minimizar a situação. Após várias discussões, definiu-se que a melhor estratégia a ser adotada seria a implementação do Acordo de Pesca, regulamentado pela Instrução Normativa N. 113, de 23 de agosto de 2006.
A maior parte da população rural do município está distribuída em 173 comunidades situadas na várzea e em terra firme, totalizando 6.032 famílias. Dentro desse universo, em 2006, havia 2050 pescadores profissionais e 150 barcos pesqueiros cadastrados na Colônia de Pescadores Z17.
Segundo o autor, a maioria das comunidades ribeirinhas pesca de maneira relativamente ordenada, controlada e sustentável. Diferentemente da modalidade voltada para obtenção de lucro que assume um caráter desordenado e descontrolado, em parte por culpa do poder público que sofre dificuldades com a fiscalização da atividade.
Uma das entidades criada a partir do movimento foi o Grupo Ambiental Natureza Viva (Granav). O Grupo surgiu da necessidade dos pescadores do Paraná de Parintins de Baixo que começaram a mobilizar a comunidade para impedir a ação de pescadores de fora. Foram desencadeados conflitos entre esses dois grupos de usuários e, na maioria dos casos, as ações dos ribeirinhos, que compreendiam vigília de lagos, apreensão de apetrechos e até mesmo expulsões de barcos pesqueiros, eram consideradas ilegais pelas autoridades competentes.
Em seu estudo, Geandro diz que em Parintins, a decadência da juticultura foi um fator decisivo para que a pesca, juntamente com a pecuária, assumissem a condição de principais atividades econômicas do município. A extração de juta foi, durante muito tempo, a principal fonte geradora de ocupação e renda para a maioria da população rural. Ao perceber o esgotamento desse recurso, as pessoas passaram a se dedicar à pesca ou migraram para a cidade.
Sobre a pesquisa:
Projeto: Acordo de Pesca – Instrumento para a co-gestão do uso dos recursos pesqueiros no Município de Parintins – AM
Bolsista: Geandro Guerreiro Pantoja
Orientador: Dr. Henrique dos Santos Pereira (IBAMA)
Programa: Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (UFAM)
O bolsista Geandro Guerreiro Pantoja cursou o mestrado com auxílio-bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM)
Andréia Mayumi – Agência Fapeam
Foto: AndréiaMayumi