Agroecologia ganha força no Amazonas, aponta pesquisadora
22/10/2010 – A utilização racional dos recursos naturais, a redução do uso de agrotóxicos e as práticas agrícolas danosas ao solo e às águas, eliminando as queimadas, diminuindo o desmatamento e recuperando as áreas degradadas, estes são os princípios que norteiam a agroecologia, um novo conceito de se fazer agricultura no Brasil. Na Amazônia, esse novo modo de olhar o desenvolvimento agropecuário ganha força.
Na sequência da programação da 7ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Amazonas (SNCT-AM), que acontecerá até este sábado dia 23 de outubro, a mestre em Ciências do Ambiente pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Francisneide de Souza Lourenço ministrou uma palestra intitulada “Agroecologia, Ciência para um Futuro Sustentável”, que sinaliza para um movimento de renovação da agricultura no Estado do Amazonas.
Agricultura sustentável
Segundo Lourenço, a Agroecologia é uma ciência que trabalha a agricultura sustentável, valorizando o conhecimento do agricultor tradicional, respeitando a cultura e o ambiente em que ele está inserido.
“Esta ciência está preocupada em manter o solo produzindo por tempo indeterminado. A agroecologia comprova cientificamente que as técnicas sustentáveis dão a base e garantem a segurança e soberania alimentar, não só para o agricultor, mas para a sociedade em geral”, explicou.
A professora destacou que neste sentido, não só no Amazonas, mas em toda a Amazônia existem diversas experiências de agricultura sustentável, com destaque para os sistemas diversificados de produção, como os sistemas agroflorestais ancorados pela diversidade de espécies, que proporcionam estabilidade e o bom desempenho dos processos ecológicos.
Populações tradicionais
De acordo com Lourenço, as populações tradicionais da Amazônia, desenvolveram conhecimentos no que se refere aos diferentes tipos de uso da terra, como o agroextrativismo e o processo de domesticação das plantas cultivadas.
Para a professora, todo esse conhecimento desenvolvido por essa população é de grande valia na construção do conhecimento agroecológico. “Esses sistemas, quando são planejados com objetivo de geração de renda dos produtores, são muito eficientes e produtivos, pois os sistemas agroflorestais são experiências locais que podem validar os princípios e enriquecer a própria concepção teórica de agroecologia”, afirmou.
Lourenço explicou que, quando se fala em agroecologia sustentável, não se trata apenas do lado ambiental, mas também do sentido econômico e social. “Nós trabalhamos o lado social dos agricultores organizando e fortalecendo o conhecimento que eles já possuem, para que eles se tornem independentes de outros fatores externos que podem interferir em sua forma de produção”, finalizou.
Dalva Berquet e Cristiane Barbosa – Agência FapeamFoto1:Francisneide Lourenço abordou agroecologia em palestra. (Foto: Dalva Berquet)