Alunos aprendem sobre ciência com a ajuda de formigas
O que seria um problema acabou se tornando a solução. Os formigueiros que infestam a Escola Estadual Cacilda Braule Pinto, localizada na zona leste de Manaus, passaram a ser utilizados no ensino de ciências aos alunos do 7º e 8º ano do ensino fundamental. A professora Sátya Ardaia da Costa Vieira passou a ministrar a disciplina informando os tipos de formigas e nomes científicos encontrados na área.
Financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Ciência na Escola (PCE), pesquisa “As formigas da Escola Cacilda Braule Pinto” teve o objetivo de aproveitar algo que fizesse parte do cotidiano dos alunos, mas que suscitasse dúvidas e curiosidades.
Ela contou que, após verificar a grande quantidade de formigas na área da escola, os alunos queriam aprender sobre a importância ecológica e como funciona o processo de identificação de animais tão pequenos. “Eles conheciam apenas os nomes populares (formiga de fogo, doida, jiquitaia e doce), mas queriam saber como identificá-las e nomeá-las”, esclareceu.
Os resultados do trabalho serão apresentados na Mostra Pública do PCE, que ocorrerá nos dias 10 e 11 de março, na Arena Amadeu Teixeira, localizada na Avenida Constantino Nery, bairro Chapada. Na ocasião, 151 projetos serão apresentados, os quais tratam sobre os mais variados temas, como meio ambiente, saúde, educação, políticas públicas, entre outros.
Identificação no laboratório
Durante as pesquisas de campo, os alunos elaboraram iscas de sardinha, banana e aveia com farinha de trigo para que conseguissem coletar as formigas. “Misturamos a isca com trigo para que formasse uma massa da qual a formiga não conseguisse escapar”, explicou o aluno Wilson Medeiros, um dos bolsistas do projeto.
Segundo Vieira, após a coleta, as formigas eram levadas em frascos para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e analisadas pelos alunos no laboratório da pesquisadora Maria de Fátima Vieira, uma das parceiras no desenvolvimento do estudo.
“Como a escola não possui um laboratório de ciências, a parceria com o Inpa e com a Maria de Fátima, os alunos puderam utilizar os instrumentos do laboratório para identificação das formigas por gênero e ordem hierárquica”, salientou.
A professora disse que, além do laboratório, os bolsistas tiveram acesso a uma cartilha fornecida pelo Inpa contendo as classes e chaves de identificação dos animais, o que facilitou o trabalho dos jovens pesquisadores.
Resultados Obtidos
Os alunos realizaram uma campanha de divulgação do projeto nas dependências da escola, para que os colegas tomassem conhecimento da importância ecológica das formigas e entendessem como a pesquisa estava sendo desenvolvida.
A professora informou que os bolsistas apresentaram uma oficina na Estação Ciência na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em 2009, para ensinar como identificar uma formiga aos estudantes e visitantes.
“São nítidas as mudanças de comportamento nos alunos após participação no projeto, eles se sentem mais confiantes e seguros em sala de aula, explicam melhor e já não se sentem envergonhados em perguntar durante as aulas ou palestras”, frisou Vieira.
Questionado sobre os conhecimentos adquiridos durante a pesquisa, o bolsista Wilson Medeiros disse que aprendeu coisas que não encontrava nos livros e que quando ia pesquisar acabava não entendendo por conta da linguagem técnica. “Tinha curiosidade em saber se as formigas eram pragas que faziam mal ao ser humano. Depois dos estudos, aprendi sua importância para o meio ambiente”, completou.
Camila Carvalho e Marcelo Vasconcelos – Agência Fapeam