Alunos estudam a variação linguística encontrada na própria escola
06/08/2010 – Responda rápido, você já ouviu expressões como: “a gente fomos”, “Eu fui lá” ou “manazinha” no período que ainda estudava em colégio? Talvez você nem se lembre, mas uma pesquisa quer identificar o falar dos estudantes do 8° e 9º anos do turno noturno da Escola Estadual Professora Diana Pinheiro, localizada na zona Sul de Manaus.
A pesquisa, intitulada “A Variação Linguística na Escola” está sendo realizada na Escola pelos próprios estudantes que com a orientação de uma professora desenvolvem o trabalho por meio do Programa Ciência na Escola (PCE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
Diversidade
A coordenadora do projeto, professora Yara Priscila Merlo Ramirez, afirma que essa forma de falar não é totalmente errada. “Por meio da pesquisa queremos mostrar que essa forma de falar também é Língua Portuguesa, apenas é uma outra forma de falar e uma variante da Língua. A nossa proposta de estudo defende o respeito a todas as diversidades, a fim de que pessoas, sobretudo os alunos, entendam que sabem, sim, sua língua, ainda que alguns digam que saber sua língua seja tão somente dominar a língua padrão”, explicou.
Ramirez relata que na escola, por exemplo, muitos estudantes deixam de interagir durante as aulas, porque ficam com vergonha de falar errado. “Acredito que devido aos alunos serem do período noturno e a faixa etária deles ser muito diversificada, entre 14 e 30 anos, esses fatores contribuem para a variação linguística das turmas”, revelou.
Segundo a coordenadora, que conta com a participação de cinco estudantes e um apoio técnico para o desenvolvimento do trabalho, a expectativa é conscientizar e levar a reflexão para todos os estudantes da escola. “É preciso que eles não tenham preconceito e nem vergonha por não estarem dentro da norma culta”.
Etapa da pesquisa
A coordenadora explicou que a pesquisa está sendo realizada por meio de um levantamento bibliográfico e em seguida será realizada a pesquisa de campo. “A proposta deste projeto é fazer um levantamento das diversas variedades linguísticas existentes, a fim de identificar que juízo de valor os falantes fazem de suas escolhas linguísticas”.
A pesquisa de campo será realizada por meio de entrevistas com os próprios estudantes da escola e a comunidade próxima à escola.
Investimento
A pesquisa, que conta com recursos da FAPEAM, teve início em junho e deve ser finalizada em dezembro de 2010. Para o desenvolvimento das atividades estão sendo investidos cerca de R$ 4.267,50, empregados em bolsas e atividades de pesquisa do projeto.
Sobre o PCE
O Programa Ciência na Escola (PCE) é uma ação criada pela FAPEAM com objetivo de estimular a participação de professores e estudantes das redes estadual e municipal de ensino público do Amazonas em projetos de pesquisa científica e tecnológica a serem desenvolvidos nas escolas.
O programa tem se mostrado uma estratégia bem sucedida na formação de pesquisadores ainda na fase escolar e conta com a parceria das secretarias estadual (Seduc) e municipais de ensino (Semed).
Vanessa Leocádio – Agência Fapeam