AM investiga plantas nativas no tratamento da malária
Com cerca de 5 milhões de km2 de extensão e mais de 300 espécies de árvores por hectare, a Amazônia reserva grandes descobertas para a humanidade. É nesse sentido que vários estudos voltados para a cura de patologias a partir de princípios ativos de plantas nativas estão sendo desenvolvidos no Amazonas.
Um dos exemplos disso é a busca por antimaláricos formulados com produtos derivados de plantas amazônicas, destinados ao combate da doença em casos nos quais o parasita desenvolveu resistência aos remédios atualmente utilizados pelo doente.
O trabalho está sendo desenvolvido por pesquisadores da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), sob a coordenação da mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, Mônica Regina Costa, com acompanhamento da graduanda em Farmácia, Tailah Oliveira Azevedo, que é bolsista do Programa de Iniciação Científica (Paic), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
Desenvolvido em parceria entre a FAPEAM, FMT-AM, Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHemoam), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o estudo também conta com a co-orientação do mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, atual coordenador e professor do curso de Farmácia do Centro Universitário do Norte (UniNorte), Luiz Francisco Rocha e Silva.
Metodologia
A pesquisa intitulada “Atividade antimalárica in vitro de derivados semi-sintéticos de produtos naturais amazônicos" tenta reproduzir em frascos de laboratório a corrente sanguínea humana para poder realizar os testes com as novas substâncias encontradas nas plantas.
Segundo a bolsista, são utilizadas amostras de sangue humano saudável, coletadas na FHemoam. “Os parasitas são depositados nessas amostras e , assim, podemos verificar as constantes evoluções e mutações que o Plasmodium sofre, desenvolvendo remédios específicos para determinados casos”, explicou Azevedo.
Combate à malária
Na pesquisa são utilizados os produtos Isobruceína-D e Neosergiolida, remédios derivados da espécie Picrolemma sprucei, conhecida popularmente como caferana. Segundo Azevedo, essas substâncias se mostram mais eficazes do que as plantas in natura. Os derivados possuem um nível de toxicidade menos invasivo ao organismo humano, o que aumenta o potencial de cura e diminui os efeitos colaterais no paciente.
“Não foram realizados testes em humanos, mas ao compararmos microscopicamente as drogas utilizadas atualmente, que servem como parâmetro, com os produtos derivados e semi-sintéticos, percebemos que surtiram um efeito acima do esperado”, contou Azevedo.
Questionada sobre os benefícios em ser bolsista de iniciação científica, a graduanda em Farmácia destacou a importância da FAPEAM, por proporcionar para estudantes o contato com atividades práticas.
“Na sala de aula temos contato apenas com a teoria. Como bolsista Paic, estou tendo a oportunidade de utilizar os conhecimentos teóricos na prática”, frisou Azevedo.
Entenda a transmissão da malária
A malária é transmitida pela picada das fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, têm maior atividade durante o período da noite, do crepúsculo ao amanhecer. Contaminam-se ao picar os portadores da doença, tornando-se o principal vetor de transmissão desta para outras pessoas.
Só os mosquitos fêmeas picam o homem e alimentam-se de sangue. Os machos vivem de seivas de plantas. As larvas se desenvolvem em águas paradas e a prevalência máxima ocorre durante as estações com chuva abundante.
Maiores informações sobre o diagnóstico, sintomas e tratamento, acesse o site do Ministério da Saúde.
Por Camila Carvalho e Cristiane Barbosa
Agência FAPEAM