Amazonas concentra casos de micoses ocasionadas por fungos, diz pesquisa
07/11/2011 – No Amazonas, o maior número de casos de micoses é causado por um fungo conhecido como Criptococcus gattii, com maior incidência em pacientes HIV-negativos. Essa afirmação é do estudante do 8º período de Medicina do Centro Universitário Nilton Lins (UniNiltonLins), Edival Ferreira de Oliveira Junior, que realizou um estudo no âmbito do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
Intitulada ‘Criptococose no Amazonas em População HIV-Negativo”, a pesquisa teve por objetivo estudar as características clínicas e epidemiológicas dos casos de criptococose endêmica em pacientes HIV-negativos atendidos na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).
Oliveira Junior justifica a realização da pesquisa em razão do Amazonas possuir condições climáticas e paisagísticas compatíveis com a existência de fontes ambientais para a ocorrência do fungo Criptococcus gattii, com contágio predominante em pacientes HIV-negativos e com forte acometimento em crianças, adolescentes e adultos jovens.
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Sob a orientação do pesquisador sênior, Bodo Wanke da FMT-HVD, Oliveira Junior explica que o fungo basidiomiceto Cryptococcus apresenta duas espécies consideradas patogênicas para seres humanos e animais, sendo que as espécies Cryptococcus neoformans incidem em diversos substratos orgânicos, como o habitat de aves, fezes secas, que são ricas fontes de nitrogênio e o Cryptococcus gattii, que ocorre em substratos vegetais de ambientes, principalmente em regiões tropicais e subtropicais.
Endemia
No Brasil, estudos clínico-epidemiológicos mostram que o tipo Criptococose gattii afeta o Sistema Nervoso Central (SNC) ocorrendo principalmente nas regiões Norte e Nordeste, com letalidade que varia entre 35% e 50%, de caráter endêmico, ocorrendo em adultos, adolescentes e crianças HIV-negativos de ambos os sexos.
Sobre a criptococose associada à Aids tanto no Brasil quanto no mundo observa-se o predomínio de Cryptococcus neoformans. Mas essa espécie pode também ser a causa de Criptococose grave e fatal sem evidência de fator predisponente, conforme estudos realizados anteriormente.
Levantamento
O pesquisador ressalta que os resultados adquiridos possibilitaram levantar as características clínicas, epidemiológicas e comorbidades associadas à imunodepressão dos casos de criptococose em pacientes HIV-negativos, com a finalidade de correlacionar as variáveis apuradas com as espécies de Cryptococcus identificadas.
Para tanto, foram analisados prontuários de 29 pacientes que se encaixaram nos critérios de inclusão do projeto, tendo como características principais pacientes de qualquer idade e de ambos os gêneros que tivessem o diagnóstico de criptococose confirmados e não portadores do HIV.
Necessidade para maior investigação
De acordo com o pesquisador, isso significa que a criptococose é uma doença endêmica no Amazonas que necessita de um diagnóstico mais preciso para instituir tratamento adequado visando um melhor prognóstico do paciente.
Ele acredita que com a realização da pesquisa, foi possível fazer um levantamento das características clínico-epidemiológicas para agilizar esse processo trazendo benefícios para toda a sociedade amazonense
“Não existem recursos profiláticos, a doença não é contagiosa e não é necessário o isolamento dos pacientes nem o controle daqueles com quem o paciente manteve contato. Deve-se evitar entrar em contato com excretas de aves como a do pombo e manter a higiene básica com alimentação e moradia”, recomenda.
Apoio
Para Junior, a FAPEAM é de fundamental importância para o desenvolvimento da pesquisa no Amazonas. Ele disse que esse apoio se faz necessário no meio acadêmico para conduzir futuras pesquisas em nosso Estado.
O Paic consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.
Fotos 1 e 2 – Colônia de fungos e micose de pele (Fotos: Divulgação)
Sebastião Alves – Agência FAPEAM