Amazonas conhece resultado da avaliação nutricional de crianças


Pesquisa realizada em 43 municípios do Amazonas, com o objetivo de avaliar a situação nutricional das crianças menores de cinco anos, identificou que meninos e meninas amazonenses estão mais desnutridos do que aqueles que vivem no semi-árido brasileiro – região com 980.000 km2 e 20 milhões de habitantes, que constitui a mais extensa e mais populosa área de pobreza de todo o mundo, em termos de terras contínuas de um só país. O Norte e o Nordeste do país são as regiões com mais crianças brasileiras desnutridas, com déficit entre peso e idade registrado em crianças, de 6,7% e 5,4% respectivamente, enquanto o aceitável pela Organização Mundial de Saúde é de 2,5 a 3%.

A apresentação do diagnóstico acontece na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), nesta terça-feira,11, por técnicos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e da Secretaria do Estado de Saúde (SUSAM), durante o I Workshop de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado do Amazonas, com a participação de dirigentes do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Na oportunidade, serão divulgados os resultados da pesquisa Chamada Nutricional, feita com crianças menores de cinco anos de idade – uma iniciativa do Governo do Estado, em parceria com o Ministério.

Participam também do workshop o secretário estadual de Saúde, Wilson Duarte Alecrim; todos os secretários municipais de Saúde do Amazonas; técnicos dos ministérios da Saúde e da Educação; da União Nacional de Dirigentes Municipais da Educação (Undime); da Associação Amazonense dos Municípios; do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia; representantes do UNICEF; do Conselho Estadual de Direito da Criança e do Adolescente; da Pastoral da Criança; da Sociedade Amazonense de Pediatria.

Chamada Nutricional Amazonas

A pesquisa foi uma iniciativa da SUSAM, realizada em parceria com o MDS, com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA e da Universidade do Estado do Amazonas. Foi feita nos postos de saúde urbanos da capital amazonense e de 43 municípios do Estado, durante a campanha nacional de vacinação, em agosto de 2006. O objetivo da Chamada Nutricional foi avaliar a situação nutricional das crianças amazonenses menores de cinco anos, bem como identificar aquelas com déficit nutricional e encaminhá-las para atendimento de saúde e acompanhamento social.

Participaram da pesquisa 4.646 crianças menores de cinco anos de idade, sendo 2.241 da capital e 2.405 do interior. As crianças foram pesadas e medidas. Equipes de profissionais da rede pública de atenção à saúde, assistência social e educação, profissionais voluntários de instituições públicas e privadas, estagiários da Secretaria de Assistência Social de Manaus e estudantes de graduação de cursos como nutrição e educação física coletaram dados sobre as condições de vida dessas crianças, tempo de aleitamento materno, existência ou não de água filtrada e esgoto em suas residências, entre outros.

Importância

O estado nutricional há muito vem sendo reconhecido e legitimado como importante indicador para avaliação das condições de saúde, nutrição e de vida de populações. Essa dimensão biológica ganha relevância, sobretudo quando se trata da situação nutricional de crianças menores de cinco anos, grupo reconhecidamente mais vulnerável ás condições de vida adversas e às desigualdades sociais.

Nesse sentido, este acompanhamento sistemático vem sendo utilizado como instrumento privilegiado para subsidiar tanto a tomada de decisões sobre melhores e mais efetivas políticas públicas voltadas para o bem estar social – destacadamente aquelas que visem à garantia da Segurança Alimentar e Nutricional – quanto para avaliação do impacto dessas intervenções. Assim, os inquéritos nutricionais, devem ser encarados como instrumentos valiosos de planejamento e avaliação de políticas públicas.

Inquestionavelmente, desde os anos 70 até o presente, houve uma melhora expressiva nas condições de saúde das crianças brasileiras, incluindo a redução da mortalidade infantil e dos níveis de desnutrição. No caso do estado do Amazonas, o coeficiente de mortalidade infantil caiu de 40,3 para 18,7 óbitos por 1.000 nascidos vivos, no período de 1994 a 2004 (DATASUS, 2007). Não obstante, os resultados das análises detalhados neste relatório demonstram que persistem condições de saúde e nutrição precárias em segmentos da população infantil do Amazonas, sinalizando para deficiências nutricionais que já vinham sendo amplamente diagnosticadas na Região Norte.

Os resultados das análises evidenciam que foram observadas diferenças nas condições nutricionais compatíveis com o que seria esperado face às condições socioeconômicas, educacionais e sanitárias dos domicílios das crianças. Ou seja, em linhas gerais, os resultados são consistentes. Foram notadas diferenças importantes nas condições socioeconômicas das crianças menores de cinco anos residentes na capital e no interior do estado.

Como esperado, do ponto de vista da escolaridade dos responsáveis e da classe econômica do domicílio, a situação na capital é melhor que no interior. Não obstante, ao se comparar as mesmas faixas de escolaridade dos responsáveis e as classes socioeconômicas, verifica-se que ainda assim, no interior, os indicadores nutricionais são menos favoráveis. No Interior, por exemplo, uma em cada três crianças filhas de mãe sem escolaridade apresenta baixa estatura para idade, enquanto que na capital a relação é de uma em cada cinco.

Deve-se ressaltar que o procedimento amostral adotado para a presente Chamada Nutricional não permite desagregar os resultados, de forma representativa, para o nível municipal. Esse é um ponto importante, dado que o estrato interior reúne uma heterogeneidade que não é possível de ser devidamente tratada com base nos dados disponíveis. Portanto, ainda que o banco de dados apresente a identificação dos registros segundo município, não se deve proceder a análises sob o risco de gerar indicadores sem representatividade populacional.

Vale ressaltar a importância da iniciativa desta Chamada Nutricional em particular. Os resultados oriundos de uma investigação desta natureza constituem-se como insumos valiosos para a tomada de decisões, apoiando o delineamento de novas políticas públicas, e possibilitando ainda que se conheça a real situação de saúde e nutrição de populações específicas, por vezes não contempladas em pesquisas nacionais periódicas devido às dificuldades operacionais e restrições orçamentárias.

 

Agência Uga-Uga

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