Amazonas mantém rede de pesquisa para estudo da Biodiversidade


30/06/2010 – A Amazônia ocupa, hoje, uma posição de destaque em relação à biodiversidade mundial e exerce um papel importante nos ciclos globais de carbono e água que afetam outras regiões, inclusive no clima e na agricultura do Brasil. Apesar disso, alguns pesquisadores reconhecem que a pesquisa na Amazônia ainda é relativamente incipiente e fragmentada, não exercendo o impacto necessário sobre políticas públicas para uma região tão importante.

 

vspace=10Preocupados com esta situação, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), liderados pelo doutor Wiliam Ernest Magnusson, trabalham hoje no Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (Cenbam), que é um dos seis Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia aprovados pelo CNPq em 2008.

 

Para o coordenador, William Ernest Magnusson (foto), os principais usos da pesquisa em biodiversidade envolvem a produção de informação para conservação e manejo da terra, o manejo da vida silvestre, de produtos florestais e  de outros produtos obtidos diretamente de indústrias extrativistas, bioprospecção e, ainda, a domesticação de variedades e desenvolvimento de novas práticas agrícolas.

 

Nos três primeiros anos, o INCT tem como meta produzir até sete novos guias: peixes, serpentes, mamíferos de médio e grande porte (suscetíveis a técnicas de amostragem padronizadas), formigas, escorpiões, fungos macroscópicos e plantas da ordem Zingiberales, e iniciar a produção de guias sobre aranhas e outras espécies amazônicas. “Atualmente, a biodiversidade amazônica não está sendo conservada ou explorada de forma eficiente por falta de conhecimentos científicos e tecnológicos. As poucas pesquisas estão concentradas no entorno dos maiores centros populacionais, Belém e Manaus. Nós queremos mudar este quadro”, disse.

 

Nova realidade

 

O Cenbam foi criado com o objetivo de integrar as pesquisas biológicas na Amazônia em cadeias eficientes de produção científico/tecnológica. “Atualmente, a biodiversidade amazônica não está sendo conservada ou explorada de forma eficiente. As poucas pesquisas estão concentradas no entorno de Belém e Manaus e estes centros regionais enfrentam um círculo vicioso, no qual a falta de recursos desestimula a fixação de recursos humanos qualificados no interior, e a falta de recursos humanos qualificados resulta em pouca produção científica”, explicou Magnusson.

 

vspace=10Na prática, o Cenbam está atuando em núcleos regionais nos estado do Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Acre e Mato Grosso, promovendo a capacitação de recursos humanos locais em diversos níveis, desde assistentes de campo e parataxonomistas (técnicos identificadores de espécies na floresta), alunos de ensino básico e médio, técnicos de laboratório e alunos de pós-graduação, além de viabilizar a adequação da infraestrutura nos museus, herbários e coleções vivas,  a instalação e recuperação de equipamentos e laboratórios, e o intercâmbio necessário para o aproveitamento dos recursos disponíveis.

 

Em plena atividade, o planejamento e execução dessas atividades estão sendo realizados em colaboração com os usuários destas informações, como laboratórios de biotecnologia, gestores de reservas biológicas, áreas de produção madeireira e órgãos responsáveis pela avaliação de impactos ambientais e monitoramento de áreas de influência de grandes obras, como hidrelétricas e estradas.

 

“O objetivo do Cenbam é criar e consolidar cadeias de produção baseadas em conhecimentos científicos sólidos, que se iniciam com estudos sobre a biodiversidade, gerando, ao final, informações, produtos ou processos importantes para usuários específicos a curto, médio e longo prazo” esclarecou o pesquisador.

 

A rede proposta pelo grupo enfatiza o intercâmbio e a colaboração científica entre os centros regionais e a instituição-sede. “Assim sendo, todas as instituições e regiões estarão em contato, colaborando e trocando conhecimento e resultados práticos. Isso significa que a rede será funcional, ou seja, não virtual”, esclareceu  Magnusson.

 

Sobre os INCTS

 

vspace=10Criados no final de 2008, a partir de uma parceria entre o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) em diversos estados brasileiros, entre estas a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), os  INCTs completaram no início de 2010 o primeiro ano de atividades.

 

Os seis INCTs do Amazonas vão receber, juntos, recursos na ordem de R$ 30 milhões, dos quais, R$ 19,1 milhões, são orindos do MCT por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (MCT/CNPq), R$ 10,2 milhões como contrapartida do Governo estadual por meio da FAPEAM e ainda R$ 600 mil da FAP de Santa Catarina.

 

Para o diretor-presidente da FAPEAM, Odenildo Sena, os institutos concetram pesquisadores de alto nível do CNPq. Isso mostra que o Amazonas tem pesquisadores ‘top de linha’, capazes de desenvolver estudos de grande impacto no avanço da ciência para o Amazonas.

 

Sobre o Cenbam

 

O INCT Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (Cenbam), coordenado pelo pesquisador Wiliam Ernest Magnusson do Inpa, vai receber recursos na ordem de R$ 7,1 milhões para atuar em núcleos regionais no Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Acre e Mato Grosso, promovendo a capacitação de recursos humanos locais em diversos níveis, além de viabilizar a adequação de infraestrutura, como museus, herbários e coleções vivas, a instalação e recuperação de equipamentos e laboratórios, e o intercâmbio necessário para o aproveitamento dos recursos disponíveis.

 

 

Foto 1 – Dr. William Ernest Magnusson (Foto: Divulgação)

Foto 2 – Equipe de estudantes fazendo coleta em Rondônia (Foto: Divulgação)

Foto 3 – Espécie de sapo da Amazônia (Foto: A P. Lima-Inpa)

 

Ulysses Varela – Agência Fapeam

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