Amazônia terá 2ª maior torre de medição atmosférica do mundo


Apesar das informações já obtidas sobre a influência da Amazônia no processo de aquecimento global, ainda pairam perguntas no ar, as quais precisam ser respondidas. Entre elas, falta uma ligação entre as trocas gasosas observadas por balões meteorológicos e o monitoramento via satélite. Isso se deve porque não há equipamentos para realizar essas medições de forma contínua numa área de observação com um raio de centenas de quilômetros. Mas a questão está com os dias contados, pelo menos na Amazônia Ocidental, onde será instalada a segunda maior torre de medição meteorológica do planeta. A primeira se encontra na Sibéria.

Hoje, é possível medir as emissões de gases-traço na superfície de uma folha indo até o sensoriamento remoto. Contudo, para discutir estas diferenças numa escala temporal e espacial é preciso uma ligação entre os diferentes métodos e escalas de medições das trocas gasosas e de um monitoramento por torres, satélites, aviões e balões. Por isso, os dados obtidos pela torre, que terá 300 metros de altura, ajudarão na avaliação dos modelos.

Ela permitirá, por exemplo, a comparação das emissões continentais com as naturais (camada planetária marítima). O objetivo dos estudos é compreender se a floresta está absorvendo gás carbônico (CO2) e qual é a variação interanual. Estas informações são essenciais para, por exemplo, o desenvolvimento de estratégias de redução das emissões causadas pelo desflorestamento.

Orçada em € 1 milhão de Euros, se o projeto for aprovado e todas licenças obtidas, os trabalhos do projeto ATTO: “Torre alta de observação da Amazônia” iniciarão nos meses de setembro e/ou outubro. O projeto ATTO deve permitir um monitoramento de longo prazo – cerca de 30 anos, que será realizado com várias instituições do Brasil e da Alemanha.

Do lado brasileiro, as seguintes instituições indicaram apoio para ATTO: o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA; o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPA/CPTEC), a Universidade de São Paulo – USP; a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (SECT), a Universidade do Estado do Amazonas – UEA; entre outras. Do lado alemão: o Ministério Nacional de Educação e Ciência (BMBF, sigla em alemão); Instituto Max Planck de Química, Mainz; Instituto Max Planck de Biogeoquímica, Jena; Cooperação Técnica da Alemanha (GTZ).

           
Segundo o pesquisador responsável pelo projeto, J. Kesselmeier, do Instituto Max Planck de Química, em uma altitude de 300 metros as condições são mais estáveis, o que permitirá avaliações gasosas sem interferência de outros fatores em um raio bem maior de centenas de quilômetros, diferente das torres atuais que têm de 50 a 60 metros de altitude e medem as trocas gasosas apenas entre a biosfera e atmosfera. “A torre possibilitará medições em um estrato da atmosfera onde não há mais variação entre o dia e a noite, fotossíntese e radiações”, destaca Kesselmeier.

A grande vantagem da torre, de acordo com o pesquisador, é que ela produzirá dados parecidos com os obtidos por balões meteorológicos. Contudo, os balões sobem até um determinado ponto e tem um tempo de vida curto. Além disso, os dados serão fornecidos continuamente com ATTO.

“A torre será o elemento entre as medições feitas, em escala, na superfície terrestre, copas das árvores, biosfera e atmosfera e, por último, troposfera, em uma rede de estações de monitoramento nos diferentes continentes terrestres. Os dados obtidos por satélite, por exemplo, poderão ser ajustados com os obtidos próximos à superfície. A torre fornecerá informações sobre as concentrações de gás carbônico – CO2, o qual tem um papel relevante no efeito estufa absorvendo radiação de onda longa proveniente da superfície terrestre e da própria atmosfera e aumentando a temperatura da terra; do metano – CH4, liberado, principalmente, por processos microbiológicos e anaeróbicos em áreas úmidas naturais e em plantações de arroz; e do óxido nitroso – N2O”, afirma. 

Instalação da torre – Alguns critérios foram seguidos para escolha do lugar de instalação: aspectos científicos; acesso; energia; distância. Kesselmeier explica que o ideal era que a torre fosse construída no meio da floresta, mas o local para estabelecer a torre será discutido mais a fundo pelos participantes.  

Transmissão de dados – As informações serão captadas, automaticamente, e enviadas para o solo. Os dados serão compartilhados entre os pesquisadores no âmbito do consórcio das Instituições do Brasil e da Alemanha.

Fonte: Ascom do Inpa

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