ATTO: símbolo de ousadia no coração da Floresta Amazônica


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A inauguração da ATTO contou com a presença do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo. Foto: Lana Santos

No final da manhã do último sábado (22) foi realizada a solenidade de inauguração do Observatório da Torre Alta da Amazônia – a torre ATTO (sigla do inglês Amazon Tall Tower Observatory), empreendimento que é fruto da cooperação entre o Brasil e a Alemanha, e que surge com o propósito de avaliar como as mudanças climáticas afetarão a floresta amazônica, além de monitorar as manifestações atmosféricas em toda a América do Sul. Estiveram presentes na cerimônia oficial de inauguração o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Luiz Renato França; o vice-presidente da Sociedade Max Planck, Ferdi Schuth; o titular da Secretaria de Planejamento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas (Seplancti), Thomaz Nogueira; o representante da embaixada da Alemanha no Brasil, Claudius Fischbach, além do ministro de Estado da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), Aldo Rebelo.

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O projeto para a construção do Observatório custou R$ 28 milhões e foi cofinanciado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Mais de R$ 2 milhões dotados pela FAPEAM serviram para subsidiar a construção da estrada que dá acesso à torre. A Fundação continuará concedendo bolsas de mestrado e doutorado aos pesquisadores que fazem parte do projeto.

A ATTO tem 325 metros de altura, sendo a maior torre construída voltada para pesquisas climáticas do mundo e está localizada em uma região remota da Amazônia: na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, cerca de 150 quilômetros de Manaus. “Hoje, essa torre é a ousadia do possível no coração da floresta. A Amazônia, a humanidade, todo o planeta está dando um passo muito importante e mostram que é possível ousar”, destacou o diretor do Inpa.

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A ATTO é formada por 15 mil peças. Foto: Lana Santos

Parceria Brasil-Alemanha

A cooperação para a construção da torre foi inicialmente acordada em 2009 por meio de um memorando entre o MCTI, do Brasil e o Ministério de Educação e Pesquisa (BMBF), da Alemanha. Estas entidades nomearam o Inpa e o Instituo Max Planck como as instituições coordenadoras do projeto. “Brasil e Alemanha celebram uma conquista importante que não será de usufruto apenas destes dois países. O Inpa e a Max Planck poderão partilhar essas informações com pesquisadores de todo o mundo porque, além do interesse nacional nessa pesquisa, há também o interesse de toda a humanidade”, ressaltou o ministro Aldo Rebelo sobre as questões climáticas resultantes das pesquisas no Observatório.

Fischbach definiu a ATTO como “maior símbolo da cooperação entre Brasil e Alemanha” e que a mesma “terá uma importância enorme no âmbito das pesquisas sobre a mudança de clima”.

“Além dos aspectos da ciência, que é possibilitada por esta instalação, o mais relevante com a construção da ATTO é a capacidade de sociedades diferentes, de países distintos, construírem soluções em respeito tanto às populações locais quanto algo relevante a todo o mundo. O Governo do Estado do Amazonas tem satisfação de participar deste empreendimento por meio da sua fundação de apoio à pesquisa. Creio que isso pode ser – e deve ser – apenas um passo inicial, um start de outras iniciativas desta natureza que, com certeza possibilitará a entrega de resultados concretos para o conhecimento, que é por onde passa a evolução de nossa sociedade”, declarou Thomaz Nogueira durante o discurso de inauguração da torre.

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A Torre ATTO é a mais alta torre de pesquisa já construída no mundo. Foto: Lana Santos

A Estrutura

A ATTO possui uma estrutura composta por 15 mil peças. Basicamente é um espigão preso por cabos, de 3m X 3m de largura, completamente vazada para o escoamento do ar sem muita distorção, munida de 1,5 mil degraus e seis elevadores de contrapeso. No total, pesa 142 toneladas.

Os 325 metros da torre permitem que seja possível monitorar uma área atmosférica de mais de 1000 km² visto que cerca de 300 metros da construção fica acima da altura da copa das árvores.

A tecnologia utilizada na construção é toda brasileira.

Pesquisas sobre mudanças climáticas na Amazônia

A torre ATTO vai permitir a análise de mudanças e modelos climáticos na floresta amazônica, além de monitorar os componentes da atmosfera relevantes às mudanças climáticas. Serão estudadas, por exemplo, as trocas de massa e energia que ocorrem entre o solo, a copa das árvores e o ar acima delas. A estrutura de investigação científica vai resultar em um conhecimento inédito sobre o papel do ecossistema amazônico acerca das mudanças climáticas globais.

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O projeto conta com cofinanciamento do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Foto: Lana Santos

“Isto é, de fato, uma grande conquista para a ciência. Essa é a maior área de floresta tropical contínua do planeta. Os dados serão coletados com zero de interferência humana nas adjacências da torre e aí, naturalmente, os pesquisadores terão muito material para analisar o quanto o clima geral do planeta interfere na floresta e vice-versa”, frisou Rebelo reafirmando o que já fora assegurado pelo diretor do Departamento de Biogeoquímica do Instituto Max Planck, Meinrat Andreae, que o fato de estar distante das cidades permitira “declarações (de dados) mais confiáveis sobre o desenvolvimento da atmosfera”.

Instrumentação para estudo

Haverá sensores e radares a laser em diferentes alturas da ATTO para medição de solo, do ar, da intensidade e direção dos ventos e para o estudo do fluxo do vapor d’água e de aerossóis.

Os equipamentos irão transmitir os dados para os laboratórios do Inpa e do Max Planck, a partir dos quais serão acessíveis por 18 instituições – entre brasileiras e alemãs – onde serão analisados pelos pesquisadores e servirão de ferramentas para as pesquisas.

A previsão é que a instrumentação a ser instalada na ATTO funcione 24 horas por dia durante um período de 30 anos.

“A torre estará completa equipada até 2017, mas já dispõe dos meios para captação dos dados. Vamos assegurar os recursos necessários porque o investimento maior já foi feito. O custo operacional é de R$ 2 milhões, por ano, o que para o alcance das pesquisas aqui é um número ao alcance dos orçamentos do Brasil e da Alemanha. Somos a sétima e, eles, a quarta maior economia do mundo, então não pudemos nos queixar de falta de recursos financeiros para manter este equipamento funcionando permanentemente para a pesquisa”, assegurou Rebelo.

VEJA MAIS DETALHES SOBRE A ‘TORRE ATTO’ NO VÍDEO

 

Rosianne Couto – Agência FAPEAM

FOTOS: Lana Santos

Vídeo: Institucional/ Divulgação

2 Respostas para “ATTO: símbolo de ousadia no coração da Floresta Amazônica


  1. José Raimundo S. Lippi disse:

    Com a ATTO o Brasil. em cooperação com a Alemanha, e várias Instituições dos dois Países, dá um salto extraordinário de qualidade no estudo cientifico climático. Parabenizo à todos aqueles que tornaram possível esta conquista e auguro que não fique no meio do caminho e sem completar essa obra maravilhosa. Com o parceiro que está comprometido torcemos que a obra alcance os seus fundamentais objetivos.



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