Avicultura familiar muda a vida de comunidades rurais nos municípios das calhas do rio Negro e Alto Juruá


O projeto atende produtores rurais de sete municípios do interior do Amazonas.

Produtores rurais de sete municípios do interior do Amazonas têm uma nova alternativa para produção alimentar e geração de emprego e renda. Desde o ano passado, 500 famílias dos municípios de Eirunepé, Envira, Guajará, Ipixuna, São Gabriel da Cachoeira, Santa Izabel do rio Negro e Barcelos foram selecionados para participar de um projeto de pesquisa que melhorará a dieta alimentar e proporcionará uma opção de renda.

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Trata-se do projeto intitulado “Avicultura familiar como alternativa de desenvolvimento sustentável em comunidades rurais do Amazonas”, coordenado pelo doutor em Biotecnologia e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Frank George Guimarães Cruz. O estudo tem como objetivo implantar a avicultura familiar em comunidades rurais nos municípios das calhas do rio Negro e Alto Juruá, no Amazonas, para melhorar a qualidade da dieta alimentar das famílias e proporcionar alternativa de renda aos produtores.

“Nossa intenção é oferecer uma oportunidade para os ribeirinhos e produtores rurais terem uma proteína de origem animal, no caso a carne e os ovos de galinha, para criação, de forma sustentável, e alimentação das famílias. O excedente da criação e os ovos podem ser transformados em renda, ou seja, o objetivo também é oferecer uma alternativa de renda e trabalho aos produtores rurais”, disse o pesquisador.

O estudo iniciou em novembro de 2013 e finalizará em 2016 beneficiando, ao todo 1,5 mil produtores rurais dos sete municípios contemplados. Segundo o coordenador do projeto, entre os produtores beneficiados estão indígenas residentes nos municípios de São Gabriel da Cachoeira (distante 852 quilômetros de Manaus) e Santa Izabel do Rio Negro (distante 846 quilômetros da capital).

Os trabalhos recebem aporte financeiro do governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror). A pesquisa está sendo desenvolvida via Programa Estratégico de Transferência de Tecnologias para o Setor Rural (Pró-Rural). Também são parceiros do projeto os Institutos Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Federal do Amazonas (Ifam) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Por meio do projeto, cada produtor rural selecionado recebe 33 pintinhos com até três dias de vida, transportados por via fluvial ou aérea.

Por meio do projeto, cada produtor rural selecionado recebe 33 pintinhos com até três dias de vida, transportados por via fluvial ou aérea. Os pintinhos têm material genético produzido pelo laboratório de genética da Ufam. Frank George Guimarães Cruz esclareceu que, ao longo de mais de 20 anos de pesquisas, foram desenvolvidas três linhagens (FC Cabocla 1, FC Cabocla 2 e FC Cabocla 3) adaptadas, por exemplo, às condições climáticas da região.

“Nós os orientamos a utilizar fontes alternativas de alimento como a folha e a raiz da macaxeira, pupunha e açaí, com zero de ração. A meta é fazer com que o produtor se conscientize que na propriedade dele há todo o alimento que as aves precisam. Com isso, ele barateia o custo da produção, produzirá um frango saudável e também terá os ovos para comercializar. Mesmo com uma família numerosa, o produtor não dará conta de consumir todos os ovos produzidos. O excedente pode ser comercializado”, disse Cruz.

Segundo o pesquisador, com a alimentação alternativa e sem o uso de ração, em 120 dias a ave começará a ganhar peso e em seis meses começa a pôr ovos. “O importante é que o produtor rural, o nosso ribeirinho, terá um produto dentro da sua propriedade, sem depender de ninguém”, disse.

A infraestrutura mínima solicitada foi a construção de um galinheiro.

Ele esclareceu que no processo de seleção foram analisados, entre outros, os critérios socioeconômicos e se o produtor tinha experiência com a criação de aves e infraestrutura mínima para receber os animais. A infraestrutura mínima solicitada foi a construção de um galinheiro.

Foram entregues 2.838 pintinhos com até três dias de nascimento para 38 produtores rurais no município de São Gabriel da Cachoeira e 48 produtores rurais residentes em Santa Izabel do Rio Negro.  “Temos problemas com a logística para entrega dos animais e o período da cheia dos rios também dificultou a implantação do projeto nos demais municípios. A partir de julho, no período de verão, retomaremos as viagens para entrega dos animais aos demais produtores rurais”, disse Cruz.

De acordo com o técnico e membro da equipe de execução do projeto, Francisco Chagas, entre os beneficiados estão Edenir Fernandes Teixeira, conhecido popularmente como ‘Brasileiro’, que recebeu os animais e os cria no Sítio Santo Alberto, e Zilma Teixeira, proprietária do Sítio São Sebastião, ambos moradores do município de Santa Izabel do Rio Negro. “Eles têm uma estrutura mínima, já receberam os animais e deram início a criação”, disse.

Segundo Chagas, em São Gabriel da Cachoeira 80% dos produtores rurais beneficiados são indígenas.

Segundo Chagas, em São Gabriel da Cachoeira 80% dos produtores rurais beneficiados são indígenas. “Eles não querem saber de construir galinheiros, querem é criar as galinhas do jeito deles, na cultura deles. Mas, nossos bolsistas estão orientando os produtores e, aos poucos, eles estão entendendo a importância das atividades de acordo como estamos propondo”, disse.

Em cada município há um bolsista de nível médio e técnico em agropecuária responsável por orientar e acompanhar a criação dos produtores rurais beneficiados pelo projeto. Ao final dos três anos de estudo, em 2016, os resultados serão catalogados e as informações municiarão, além da continuidade das atividades, a expansão das ações para produtores rurais de outros municípios do Estado.

Sobre o Pró-Rural

O programa visa à promoção da adoção de novas técnicas de produção sustentável resultantes de pesquisas científicas e tecnológicas, adequadas à realidade regional, nos seguintes setores: Agricultura (fruticultura, culturas alimentares, malva e juta), Avicultura, Aquicultura, Pecuária, Extrativismo Madeireiro e Não Madeireiro, potencializando a qualidade de vida e a geração de renda do agricultor familiar do interior do Amazonas.

 

Camila Carvalho – Agência FAPEAM

Vídeo: Produção/Imagens – Érico Xavier

Fotos: Érico Xavier

            Edição de vídeo – Esterffany Martins

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