Biogás substitui botija de gás de cozinha em comunidades do interior do Amazonas
Com o reajuste da gasolina e o aumento do preço da botija de gás de cozinha (R$ 49,50 – botija de 13 kg), o uso de tecnologias alternativas tem sido a saída encontrada por famílias para diminuir os gastos com a alimentação no final do mês. Em comunidades de Novo Airão e Manacapuru (distantes, respectivamente, 180 e 84 quilômetros da capital), famílias têm utilizado um biodigestor, que funciona com biomassas (caroços de açaí, casca de banana, dejetos de animais, cupuaçu e castanha do Amazonas) na produção de gás para abastecer as casas dos moradores.
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O coordenador do projeto e professor do departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Johnson Pontes de Moura, explicou que o protótipo levou um ano para ser desenvolvido por seus alunos e está em funcionamento em comunidades de Novo Airão. Todavia, o objetivo é construir 25 biodigestores ao longo de 2015. O equipamento será instalado no sítio de um dos alunos participantes do projeto, Cláudio Soares do Nascimento, com o investimento inicial de R$ 25 mil. No mês de março iniciaram a construção de biodigestores também em comunidades ribeirinhas de Manacapuru.
“O gás produzido pelo biodigestor pode ser usado, tranquilamente, em substituição ao Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no cozimento dos alimentos. O equipamento consegue suprir a demanda de uma família de até quatro pessoas. Imagine o quanto essa família consegue economizar ao longo do ano”, salientou.

Protótipo do biodigestor. Com um tempo de vida útil de até 6 anos, o equipamento custa em torno de R$ 600. Foto: Divulgação.
Conforme Moura, as vantagens do biogás estão na viabilidade técnica para instalação e manutenção do biodigestor, econômica (custo reduzido) e ambiental (não poluente) quando comparado ao GLP. “Significa que o projeto é de inclusão social e desenvolvimento sustentável. A ideia é não ficar dependente da matriz energética da indústria petroquímica e da hidroelétrica, uma vez que são limitadas. Por este motivo, devemos incorporar novas formas de energia”, avisou.
A biomassa utilizada na produção do biogás, de acordo com Moura, teria como destino o lixo. Entretanto, os alunos participantes do projeto identificaram o potencial calorífico (potencial energético), misturadas com fezes de animais (galinha e porco), para transformar os resíduos em biogás.
Biodigestor
Conforme Moura, para ter um biodigestor em uma residência é preciso possuir dois tanques. Um serve de depósito para os resíduos e o outro é utilizado para o armazenamento do gás produzido e que será utilizado. Após 28 a 40 dias, o equipamento passa a produzir a energia alternativa.
O pesquisador salientou que a meta é promover cursos de capacitação para famílias do interior do Amazonas aprenderem a construir o equipamento. “Queremos que eles (os ribeirinhos) não utilizem mais o GLP e, assim, economizem. Com um tempo de vida útil de até 6 anos, o equipamento custa em torno de R$ 600”, pontuou.
Prêmio
O projeto obteve o 1º lugar, na categoria mérito científico com o ‘Destaque Trabalho Técnico 2014’, no 9º Congresso Internacional de Bioenergia, realizado no mês de outubro, em São Paulo. O trabalho concorreu com 344 propostas de países como a Alemanha, Holanda, Colômbia e Argentina, além de universidade brasileiras.
Agência FAPEAM,
Com informações do Portal Amazônia e da Ufam