Brasileira recebe o International Impact Award da Universidade de Iowa
Selma Maria Bezerra Jeronimo é professora do Departamento de Bioquímica e diretora do Instituto de Medicina Tropical do Rio Grande do Norte, que é uma unidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Formada em Medicina e com Pós-Graduação em Biologia Molecular pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). Ela fez também um “fellowship” sobre doenças infecciosas na Universidade de Virgínia, em Charlottesville, nos EUA.
No final de novembro, a professora Selma recebeu o International Impact Award, concedido pela Universidade de Iowa que reconhece alunos ilustres e outros indivíduos com laços significativos com a instituição, que contribuíram de maneira importante em nível internacional ou, no caso de alunos internacionais, no exterior em seus países de origem.
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O prêmio foi criado em 2010 por programas internacionais da Universidade de Iowa, a fim de homenagear pessoas excepcionais em qualquer campo, que contribuíram de forma contínua e profunda em nível internacional para promover a compreensão global.
A professora Selma Jeronimo falou ao Jornal da Ciência sobre a premiação e seu trabalho:
JC – Como foi receber esse prêmio internacional?
SJ – No meu caso a universidade visualizou como sendo uma contribuição na área do ensino, pois recebemos alunos de medicina da Universidade de Iowa aqui na UFRN. Eles me agraciaram, mas na verdade é um reconhecimento à UFRN pela criação do Instituto de Medicina Tropical e todo trabalho que este Instituto está se propondo a realizar no estado do Rio Grande do Norte.
JC – Que trabalho é esse?
SJ – O Instituto foi criado visando, entre outros aspectos, auxiliar o estado na resolução de alguns problemas de saúde importantes. Nossa meta é tentar controlar e erradicar algumas doenças cuja existência é inaceitável nos dias de hoje como por exemplo a hanseníase, esquistossomose, tuberculose. Então, tentamos implantar estratégias macro para trabalhar essas doenças. Ao mesmo tempo também trabalhamos outras doenças que são emergentes devido ao processo de modificação social que o País vive, os aspectos das doenças que vem com esse adensamento populacional.
JC – Sua atuação é mais em sala de aula ou como pesquisadora?
SJ – Ministro aulas no Departamento de Bioquímica para a graduação em Medicina e também para alunos de pós-graduação em Bioquímica e em Saúde da UFRN. Mas também faço pesquisa de campo e laboratorial com ênfase principalmente em leshimaniose, hanseníase e pré-eclampsia. Faço tanto a parte laboratorial, quanto a parte epidemiológica de campo do estudo clínico dessas doenças.
JC – Como é sua pesquisa?
SJ – Um dos trabalhos importantes que o Instituto está realizando é sobre o empoderamento da população. O que a gente tem visto é que grande parte dos agravos relacionados à saúde, muitas vezes são decorrentes do desconhecimento do processo de adoecer, de como você se contamina e tudo mais. Por isso estamos trabalhando também o aspecto da educação em ciência, e educação em saúde. Estamos com um projeto piloto no município de Pureza, uma cidade que fica cerca de uma hora de Natal. Lá, em colaboração com a Prefeitura e com a Secretaria de Saúde e de Educação, os alunos e professores do Instituto de Medicina Tropical vão trabalhar nos próximos cinco anos numa capacitação e compartilhamento de informação com a população. Esse é um trabalho que nós consideramos extremamente importante para tentar quebrar esse ciclo de adoecimento através do empoderamento da educação.
JC – E quanto ao atendimento clínico?
SJ – O nosso Instituto é formado por vários médicos que são do Departamento de Infectologia. Nós fazemos atendimento clínico nas nossas pesquisas. Nossa proposta é que o Instituto tenha um ambulatório e a estimativa que esse ambulatório vá atender em média de 60 a 80 mil pessoas por ano em Natal. A construção deve começar em janeiro de 2015, com previsão de ficar pronto em dois anos e é onde será o atendimento a população.
Fonte: Jornal da Ciência/Edna Ferreira