Câmeras instaladas em torres do Inpa ajudam a decifrar ritmo da fotossíntese na floresta amazônica


Pesquisadores comprovaram que a idade das folhas também influencia a sazonalidade da fotossíntese. Os resultados do estudo foram publicados na revista Science

Câmeras instaladas em torres do Inpa ajudam a decifrar ritmo da fotossíntese na floresta amazônica

Câmeras instaladas nas torres do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) ajudaram pesquisadores a decifrar a sazonalidade na fotossíntese da floresta. O estudo, que contou com a participação de cientistas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, com apoio do governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), usou uma combinação de câmeras e dados de fluxo de gás carbônico entre a atmosfera e a floresta.

Segundo o pesquisador do Inpa, Bruce Nelson, já era conhecido que o gás carbônico da atmosfera é fixado pela floresta com maiores taxas no fim da estação seca e no início das chuvas. Taxas menores de fixação são registradas no final da estação chuvosa e no início da seca. O que o estudo comprovou é que a sazonalidade da fotossíntese também sofre influência da idade das folhas e não apenas da variação da luz, da temperatura e da umidade ao longo do ano.

“Nos meses mais secos (entre junho e novembro), a floresta exibe uma troca acelerada das folhas. A quantidade de folhas nas copas das árvores não muda muito durante o ano, mas sua idade, sim. Até o final da estação chuvosa, as folhas lançadas nos meses secos têm menos vigor, reduzindo a fotossíntese”, explicou o pesquisador Bruce Nelson, que assina o artigo publicado na revista Science junto com Ji Wu, da Universidade do Arizona.

Para decifrar esta dinâmica das folhas, em 2010, os pesquisadores instalaram câmeras automáticas em duas torres do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), uma a 60 quilômetros de Manaus (AM), e outra na Floresta Nacional do Tapajós, a 67 quilômetros ao sul de Santarém, no Pará.

Em 2013, também foi equipada uma das torres do Observatório da Torre Alta da Amazônia (Atto), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, a 150 quilômetros de Manaus. Os dados das duas torres perto de Manaus foram analisados pelas mestrandas Suelen Marostica, Julia Tavares e Aline Lopes, que também assinam o artigo na Science junto com os pesquisadores Bruce Nelson e Ji Wu, da Universidade do Arizona.

“Gravamos um grande número de fotos em cada dia do ano para facilitar a filtragem e a correção de artefatos de iluminação”, disse Nelson, acrescentando que o ciclo das idades das folhas coincide com a sazonalidade do “verdor” da floresta captada anteriormente por satélites.

A pesquisa foi financiada pela Parceria para Pesquisa e Educação Internacional (Pire) da Fundação Nacional de Ciências Norte-Americana (US NSF); pela Fundação Agnese Nelms Haury da Universidade do Arizona; pelo projeto GoAmazon, financiado conjuntamente pelo Departamento de Energia Norte-Americano e pelas fundações de apoio à pesquisa de São Paulo (Fapesp) e do Amazonas (Fapeam); pelo Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil.

Assista ao vídeo produzido pelos pesquisadores:

Fonte: Inpa

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