Câncer: presidente da FCecon destaca influência da pesquisa na prevenção e tratamento
18/02/2013 – Em 2012, a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (Fcecon) registrou 943 novos diagnósticos de câncer na Fundação em 2012. O número representa redução em relação a 2011, mas os índices de tipos específicos da doença, como de próstata, útero e mama, ainda preocupam especialistas da instituição.
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Em entrevista exclusiva à Agência de Notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), o diretor-presidente da FCecon, doutor Edson de Oliveira Andrade, ressaltou a importância de investimentos em pesquisa para detecção e tratamento das neoplasias (alterações celulares), bem como de tipos raros da doença.
Ainda de acordo com diretor, o mito de que em pesquisa clínica o paciente seria uma cobaia está derrubado na FCecon. Andrade também garantiu que a relação pesquisador/médico-paciente tem impactado positivamente as ações na Fundação. Confira abaixo a íntegra da entrevista:
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Agência FAPEAM: Atualmente, qual é o panorama da situação oncológica no País? Nesse contexto, quantos pacientes foram atendidos em 2012 pela FCecon?
Edson Andrade – A mudança do perfil demográfico brasileiro, ocasionando uma maior participação de idosos em nossa sociedade, associada à utilização cada vez maior de alimentos industrializados, faz com que as taxas de câncer no Brasil cresçam. Este é um dos desafios que os gestores públicos na área da saúde devem enfrentar. Esta situação de alguma forma também afetou o Amazonas.
Em 2012, a FCecon contabilizou 4.862 novos inscritos. São pacientes que deram entrada na instituição para tratamento após diagnóstico recebido na fundação ou que foram diagnosticados em outras unidades hospitalares e encaminhados à Fundação para tratamento. Entre eles estão pacientes de outros estados e alguns de países vizinhos.
Esses novos pacientes, acrescidos dos demais já com tratamento em curso na instituição, geraram cerca de 900 mil procedimentos somente no ano passado, entre hospitalares e ambulatoriais.
AF – Hospitais de referência no País criaram centros de ensino e pesquisa. Isso faz parte do desenvolvimento e resulta na qualidade da pesquisa nacional na área de oncologia?
EA – A criação de centros de ensino e pesquisa faz parte de uma estratégia de capacitação e aprimoramento das unidades de saúde. Na FCecon, entendemos que a assistência de qualidade não pode estar dissociada do ensino e da pesquisa. Em função deste entendimento, colocamos a funcionar, efetivamente, a Diretoria de Ensino e Pesquisa da FCecon, agora sob a direção da Dra. Kátia Luz Torres.
AF – De acordo com a revista Onco&, o País está investindo 1,5% do produto interno bruto (PIB) em pesquisas. A FCecon faz parte da Rede Genômica em Saúde e abriga projetos de pesquisa como o Professor Visitante Sênior. Quanto foi investido em pesquisa oncológica no último ano e qual cenário para 2013?
EA – Em 2012, foram investidos R$ 433,4 mil sendo todo recurso originado de apoio financeiro da FAPEAM. Deste total, R$ 268,2 mil foram destinados a bolsas de iniciação científica, R$ 36 mil para apoio a eventos científicos e R$ 81,3 mil para auxilio pesquisa.
Além disso, iniciamos a parceria com o Visitante Sênior em agosto de 2012. A rede Genômica em Saúde está sendo constituída e as ações irão trazer avanços em pesquisa em oncologia molecular, uma conquista inédita para o nosso Estado.
AF – Qual importância da parceria estratégica entre a FAPEAM e a FCecon?
EA – A FAPEAM tem sido o principal parceiro na construção do projeto de Ensino e Pesquisa da FCecon. A criação do programa do PIBIC/FCecon e sua ampliação em 2012, o estímulo aos nossos projetos de pesquisa, à criação de laboratórios voltados à pesquisa e contratação de pesquisador sênior são apenas alguns dos exemplos de uma atuação transformadora por parte da FAPEAM.
AF – Ainda existe o mito de que em pesquisa clínica o paciente seria uma cobaia? Como lidar com isso durante o desenvolvimento das pesquisas e como os resultados dos estudos realizadas na FCecon têm beneficiado os pacientes da Fundação?
EA – Para se desfazer este mito somente o esclarecimento real de todas as etapas da pesquisa. Neste caso, uma boa relação médico-paciente pode impactar de modo positivo. Na pesquisa de qualidade, fundamentada na ética e no respeito à dignidade da pessoa humana, nenhum ato de estudo pode trazer prejuízo para os pacientes.
Na FCecon, o Comitê de Ética em Pesquisa zela, em conjunto com a Diretoria de Ensino e Pesquisa, para que este compromisso esteja sempre presente em nossas pesquisas e nos atos dos nossos pesquisadores.
Camila Carvalho – Agência FAPEAM