Capacitação tenta evitar contaminação nas águas do Tarumã
Um curso sobre como utilizar os recursos hídricos do Tarumã, área rural na zona Oeste de Manaus, foi a saída encontrada para que professores e alunos da rede pública das comunidades do Tarumã-Mirim, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Livramento e São Sebastião se capacitassem para garantir a qualidade da água na bacia do Tarumã.
O treinamento de professores e alunos, por meio de palestras e oficinas, fez parte do projeto “Professores e alunos da rede pública de ensino como agentes disseminadores do programa de educação ambiental com ênfase em recursos hídricos no Tarumã”, coordenado pela doutora em Ciências, área de concentração Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Domitila Pascoaloto, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Com investimentos de R$ 20 mil, a pesquisa teve início em dezembro de 2007 e foi concluída em abril de 2010, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Integrado de Pesquisa Científica e Tecnológica (PIPT).
Pesquisa de campo
Durante a realização do projeto, foram realizadas oficinas pedagógicas, palestras, cursos e uma pesquisa de campo, a fim de capacitar alunos e professores do ensino fundamental com informações sobre os recursos hídricos, com ênfase na bacia do Tarumã.
Segundo a pesquisadora, para capacitar alunos das escolas envolvidas no projeto, foram realizadas atividades teóricas e atividades de campo, como as metodologias da coleta e análise da água. “Após cada atividade, desenvolvida por uma pesquisadora do Inpa ou por algum graduando (bolsista do projeto), os alunos da escola repetiam a apresentação ou a coleta”.
De acordo com a bióloga, durante a pesquisa de campo constatou-se que apesar do grande número de moradores nas comunidades do Tarumã-Mirim, o igarapé ainda apresenta características de “rio de água preta”, ou seja, ainda pode ser considerado um ambiente natural.
“Os resultados indicaram que as águas do Tarumã-Mirim ainda apresenta características semelhantes às do rio Negro, ou seja, são ácidas (pH<5), com baixa condutividade, escuras e transparentes”, destaca.
Outra vertente da pesquisa realizou análises dos organismos aquáticos, particularmente do fitoplâncton, que é conjunto dos organismos aquáticos microscópicos que têm capacidade fotossintética e que vivem dispersos flutuando na água, e dos macroinvertebrados, indicadores úteis da saúde ecológica de corpos d’água ou rios. De acordo com os resultados, estes organismos estavam quase sempre presentes nas amostras analisadas, características de um ambiente saudável e preservado.
Os dados levaram a bióloga, ainda, a descobrir que, das três comunidades, a mais natural, ou seja, a mais saudável em relação aos recursos hídricos é a de São Sebastião. “Provavelmente este resultado está associado à melhor preservação de mata ciliar, além de ter o menor número de moradores e ser a mais distante da cidade de Manaus”, revelou.
Sobre o Pipit
O Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica consiste em apoiar, com auxílio-pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas, sem fins lucrativos, interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.
Foto 1 – Criança toma banho nas águas do Tarumã (Foto: Ricardo Oliveira)
Vanessa Leocádio – Agência Fapeam