Ciência e diversão encantam passageiros das balsas


A Travessia da Ciência, realizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), mudou a rotina dos usuários do Porto do São Raimundo, no sábado, dia 6. Passageiros da balsas Boto Navegador I e II ouviram experiências científicas, realizaram movimentos corporais, conheceram algumas das principais espécies de peixes da região, identificaram espécies botânicas e tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a atuação da Fapeam no Estado.

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Pela primeira vez, pesquisadores, estudantes e membros de comunidades que participam do programa Jovem Cientista Amazônida (JCA), da Fapeam, ficaram das 8h às 14h fazendo a travessia Manaus-Cacau Pirêra e compartilhando com os passageiros a experiência de pesquisar suas realidades. O evento encerrou as atividades da instituição na IV Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Amazonas, coordenada pela Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Sect).

As ações começaram logo no início da manhã, antes mesmo do embarque, com a distribuição de material de divulgação institucional, inclusive exemplares da revista Amazonas Ciência, da Fapeam, aos pedestres e aos motoristas que se organizavam em filas para a travessia. Na base do porto, uma enorme “bola” inflável estilizada como “planeta terra” chamava a atenção dos que chegavam ao São Raimundo. A Fapeam também montou uma tenda para organização das atividades e armazenamento de material.

Às 8h, a Boto Navegador I deixou o porto, sendo a primeira a partir com cientistas amazônidas a bordo. O primeiro projeto a ser exposto foi o “Diversidade íctica e conflitos sócio-ambientais em uma área de várzea com manejo comunitário, no município de Manacapuru, Amazônia Central”.

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Os passageiros da balsa puderam ver uma coleção de peixes coletados nos lagos e rios do município, que evidencia a diversidade de espécies encontradas na região. “Esses peixes são de verdade?”, perguntou o menino Janderson Silva, 8 anos, pela primeira vez fazendo a travessia. Assim como ele, muitas outras crianças ficaram encantadas com “os peixes guardados em vidros”. Janaína Lopes, 10, perguntou como os pesquisadores conseguem colocar os “bichinhos” ali. “É para poder estudá-los e fazer novas descobertas para melhorar a sua vida e a vida de toda a sua família”, explicavam os jovens pesquisadores.

Os adultos também escutavam atentos as explicações do pesquisador Tony Braga sobre a importância do envolvimento das comunidades no projeto. “Nós estudamos os diferentes caminhos possíveis para atender às necessidades de vocês. Esse é o nosso papel como cientistas, por isso é importante que vocês participem conosco, apontando dificuldades e compartilhando experiências”. O projeto é desenvolvido no âmbito do Projeto Pyrá, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa).

Outro projeto apresentado na Boto Navegador I foi “Espaço e Corpo no lugar Ribeirinho: Sustentabilidade do adolescer na Várzea Amazônica”, que consiste na valorização dos movimentos a que os adolescentes da várzea estão acostumados, como por exemplo capinar, carregar água e varrer o terreiro (é como os moradores locais se referem ao entorno de suas casas). “Nós partimos desses movimentos para fazer com que os adolescentes saibam se movimentar melhor, tenham respiração adequada, e dessa forma tenham sua auto-estima valorizada”, afirmou Socorro Morais.

Na balsa Boto Navegador II, os passageiros tiveram a oportunidade de identificar espécies botânicas para a utilização na produção de mel e confecção de artesanato em lagos do município de Manacapuru. O projeto “Identificação botânica para conhecimento etnobotânico aplicado a produção de mel e confecção de artesanato na região dos lagos do Calado e Paru, Manacapuru – AM”, coordenado pela pesquisadora Keuris Kelly Souza da Silva, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Também foi apresentado na balsa o projeto “Ecovida – Jovens cientistas valorizando e potencializando o conhecimento tradicional”, coordenado pela pesquisadora Rejane Gomes Ferreira, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que envolve alunos e professores bolsistas JCA da Escola Municipal José de Melo Sobrinho, da comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na zona rural do município de Manacapuru (a 79 km, em linha reta, de Manaus). Os passageiros ouviram explicações sobre a relação peixe-planta e outras ações de caráter ambiental baseadas no saber local.

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Além da apresentação das atividades realizadas pelos projetos de pesquisa, a Fapeam preparou uma programação especial para as crianças que faziam a travessia nas duas balsas. Para elas, foi criada uma história em quadrinhos ilustrativa, mostrando que ciência se faz no dia-a-dia, e que não é algo inacessível. Orientadas por estudantes de pedagogia do Centro Universitário do Norte – Uninorte – elas recebiam estojos de lápis de cera e davam o seu colorido ao desenho. Quem quisesse, poderia pintar o rosto com tintas antialérgicas. Os motivos: espécies da fauna e flora amazônicas como borboletas e flores.

A Travessia da Ciência foi idealizada e realizada pela Fapeam, em parceria com a sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias do Estado do Amazonas, com o objetivo de apresentar resultados de pesquisas desenvolvidas no âmbito do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA), nos municípios de influência da travessia, como Iranduba e Manacapuru, e que envolvem estudantes e professores de escolas da área rural. A apresentação de resultados em um local considerado popular teve como finalidade mostrar que a ciência não está restrita aos laboratórios de instituições de pesquisa.

“Nós atingimos o nosso objetivo, que é levar para a sociedade os resultados dos investimentos em ciência e tecnologia no Amazonas. Em menos de quatro anos, saltamos do zero para R$ 103 milhões em programas de apoio à pesquisa no nosso estado. Mas isso precisa chegar à sociedade, que, como financiadora, é a mais legítima beneficiária. E eu não tenho dúvidas de que ações como essas são fundamentais para vencermos esse desafio”, avaliou o diretor-presidente da Fapeam, Odenildo Teixeira Sena.

 

Ana Paula Freire e Michelle Portela – Agência Fapeam
Fotos: Ana Paula Freire

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