Ciência e Meio Ambiente perdem pesquisador Armando Mendes


19/06/2012 – Em plena realização da Conferência Ambiental Rio+20, no Rio de Janeiro, a Amazônia perdeu, no último dia 15 de junho, uma de suas referências na busca por um desenvolvimento sustentável: o professor, economista e advogado paraense Armando Dias Mendes. Ele faleceu em sua casa, em Brasília (DF), vítima de ataque cardíaco, aos 88 anos de idade.

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Armando Mendes notabilizou-se pela dedicação com que atuou nos debates acerca dos rumos do desenvolvimento da região amazônica, sustentando a tese de que não se deve ter uma visão romântica de floresta intocável, mas que o desenvolvimento sustentável deve, também, priorizar a qualidade de vida e a obtenção de renda das famílias nas cidades e localidades amazônicas.

Pesquisador de referência em assuntos de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, ele era doutor honoris causa pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e também pela Universidade da Amazônia (Unama). Foi ainda membro emérito do Conselho Regional de Economia do Pará (Corecon-PA), fundador da Faculdade de Economia do Pará e do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea), vice-reitor da UFPA e foi presidente do Banco da Amazônia.

“A UFPA, o Estado e o País perdem um professor e homem de cultura, um dos maiores estudiosos sobre a Amazônia, o qual deixa um legado extraordinário para a Academia e para as gerações futuras. Muitas das direções seguidas pela UFPA historicamente foram estabelecidas com base em suas ações, o que demonstra a contribuição pública de grande relevância que prestou para seu Estado. Armando Dias Mendes engrandeceu a Universidade e tudo o que fez é motivo de muito orgulho para nós. Lamento profundamente seu falecimento”, afirmou o reitor da UFPA, Carlos Maneschy.

Aposentado, o professor passou seus últimos anos de vida em Brasília, próximo da família. Ainda na ativa, Mendes esteve em Belém no começo deste mês para fazer a conferência de abertura do Encontro de Entidades de Economistas da Região Norte, promoção do Corecon-PA. O tema da conferência foi ‘1912-2012: 100 anos da crise da borracha. Do Retrospecto ao Prospecto’.

Esse assunto é mote de artigos de autoria de Mendes, que serão lançados em uma coletânea sobre os anos áureos da extração de borracha na Amazônia. O especialista deixou vasta obra, com dezenas de livros e artigos publicados relacionados à questão regional, com destaque para A invenção da Amazônia (1974), Ciência, Universidade e Crise (1981), A cidade transitiva (1998) e O Economista e o Ornitorrinco (2001).

Mendes foi o conferencista da aula magna de recepção aos calouros da UFPA em 2011, onde falou sobre Responsabilidade Social e Meio Ambiente. A Amazônia era seu principal foco de estudos e pesquisas, o que gerou o Naea em 1973, núcleo de referência na pós-graduação sobre questões ambientais no Estado do Pará e no Brasil. Foi também pró-reitor de Planejamento da UFPA na gestão do reitor Aloysio da Costa Chaves (1969-1973). Além disso, foi professor colaborador da Universidade de Brasília (UnB) e secretário-geral do Ministério da Educação (MEC).

O professor da Faculdade de Economia do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da UFPA (ICSA), João Tertuliano Lins, amigo pessoal de Armando Mendes e aluno da primeira turma do Naea, lamenta profundamente a morte do pesquisador. “Perdi um grande mestre e um segundo pai. Sua contribuição para a Amazônia e para a Universidade é imensa e sua perda é irreparável. Ficam na lembrança seu constante bom humor, disposição e cultura invejáveis”.

Fonte: Jornal da Ciência com agências de notícias

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