Cientistas apontam que narcolepsia pode ser provocada pelo próprio paciente


Algo difícil de imaginar, o ataque de sono é justamente o principal sintoma de pessoas que sofrem com a narcolepsia, um distúrbio primário do sistema nervoso central que também provoca perda da força muscular. Cercada de mitos e folclore, a doença pode incapacitar funcionalmente um indivíduo, uma vez que ainda não há cura ou um tratamento que a amenize. Dentro desse cenário, um conjunto de cientistas da Universidade de Tel Aviv, em Israel, propõe uma nova abordagem. Segundo eles, a narcolepsia traz consigo um processo autoimune ainda não observado, mas que pode ser o responsável por provocar as complicações neurológicas. A descoberta deve levar a uma quebra de paradigmas e, provavelmente, a novas tentativas terapêuticas.

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A causa precisa da doença ocupa médicos em todo o mundo por muitos anos. Ainda não existe uma cura para o distúrbio neurológico devastador que afeta cerca de 3 milhões de pessoas em todo o mundo. O novo artigo publicado na revista científica Pharmacological Research mostra que a narcolepsia carrega as marcas de uma desordem autoimune clássica e deve ser tratada como tal. As palavras são de Yehuda Shoenfeld, que lidera a equipe de pesquisa da Cadeira Laura Schwarz-Kipp de Pesquisa de Doenças AutoImunes, na Faculdade Sackler de Medicina da instituição israelense.

Segundo Shoenfeld, há um processo biológico que funciona como o gatilho para a perda específica de neurônios de orexina, responsáveis pela manutenção do delicado equilíbrio entre o sono e a vigília no cérebro. O professor conta que o assunto tomou sua atenção depois de uma combinação de dois episódios. Primeiro, uma avalanche de diagnósticos do distúrbio que varreu a Finlândia em 2009. Segundo ele, não foi coincidência o período ser exatamente depois de uma imunização contra a gripe H1N1. “Após a vacina, foi relatada uma incidência média 16 vezes maior de narcolepsia”, lembra.

Em seguida, Shoenfeld descobriu que um grupo de pesquisadores do Projeto de Controle de Sono do Instituto de Psiquiatria Metropolitano de Tóquio, no Japão, havia publicado um estudo sobre a presença de autoanticorpos atacando o que ele chama de tribbles, pequenos grânulos no cérebro humano contendo neurônios reguladores de orexina. No novo trabalho, Shoenfeld e sua equipe colaboraram com o grupo de pesquisa japonês liderado por Makoto Honda.

Fonte: Correio Braziliense

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