Cogumelos da Amazônia podem gerar produtos para culinária regional


Pesquisadores do Amazonas e de Roraima estão estudando os cogumelos da Amazônia, da espécie Lentinula raphanica, para geração de produtos alimentícios a partir da biodiversidade da floresta amazônica.

“Entre as diversas possibilidades de utilização dos fungos, a produção de cogumelos (fungicultura) tem sido considerada como uma ótima alternativa de bioconversão de resíduos lignocelulósicos em alimento de alto valor nutricional, gastronômico e econômico, como é o caso de Agaricus bisporus (champignon), Lentinula edodes (shiitake) e Pleurotus spp. (shimeji) e outras espécies de climas temperados”, disse o coordenador do estudo, Ruby Vargas Isla.

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O estudo ‘Produção de Lentinula raphanica, um cogumelo comestível da Amazônia, utilizando substratos regionais’ está sendo desenvolvido desde 2014 com aporte financeiro do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Fixação de Doutores no Amazonas (Fixam/AM).

Cogumelos serão utilizados para geração de produtos alimentícios a partir da biodiversidade da floresta amazônica. (Foto: Divulgação)

Cogumelos serão utilizados para geração de produtos alimentícios a partir da biodiversidade da floresta amazônica. (Foto: Divulgação)

O projeto está sendo desenvolvido no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) pelos pesquisadores Noemia Kazue Ishikawa, Raquel Sousa Chaves, Marcos Diones Ferreira Santana e Tiara Sousa Cabral.

“Com o desenvolvimento do estudo buscamos selecionar isolados de L. raphanica para obtenção de resultados científicos, que possam gerar produtos dos componentes da biodiversidade da Amazônia. Espera-se atender às demandas de novos sabores e alternativas na gastronomia brasileira”, disse Isla.

Culinária

De acordo com o Inpa, desde 2014, após sete anos de observação das várias espécies na Amazônia, o Grupo de Pesquisas em Cogumelo do Instituto busca viabilizar o cultivo e a comercialização do cogumelo da espécie Lentinula raphanica com um empreendimento no município de Itacoatiara (176 quilômetros da capital) e outro em Manaus.

Desde 1991, a pesquisadora Noemia Ishikawa estuda cogumelos, segundo o Inpa. Ela explicou que na Amazônia existem 34 espécies identificadas como cogumelos comestíveis, inclusive algumas consumidas pelos indígenas das etnias Uaupé e os Yanomami. “Os cogumelos podem ser considerados como um alimento funcional, porque além de possuir alto teor nutricional e baixa caloria, também apresenta aspectos medicinais”, disse.

Há, atualmente, cerca de 2 mil espécies de cogumelos comestíveis. Mas, apenas quatro espécies são cultivadas em diversos países. A comestibilidade dos cogumelos de algumas espécies de ocorrência natural da Amazônia foi registrada nas décadas de 1970 e 1980 por Oswaldo Fidalgo e Guillean Prance, entretanto a produção em escala comercial ainda é pouco explorada.

 

Camila Carvalho – Agência FAPEAM

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