Coinfecção malária vivax e dengue agrava quadro clínico dos pacientes
09/09/2013 – A malária e o dengue são doenças tropicais consideradas como dois dos maiores problemas de saúde pública no Brasil, principalmente no Amazonas. Um estudo realizado em Manaus mostrou que a infecção pela associação dessas duas enfermidades agrava o quadro clínico dos pacientes.
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A pesquisa intitulada ‘Coinfecção Malária vivax e Dengue: um estudo transversal na Amazônia ocidental brasileira’ foi realizada pela professora do Departamento de Enfermagem da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical da UEA em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT/HVD), Belisa Maria Lopes Magalhães.
Durante três anos a enfermeira analisou os pacientes atendidos na FMT/HVD, e diagnosticados com uma das doenças, para verificar a evolução dos quadros clínicos desses doentes. Ela informou que de forma isolada as doenças têm sintomas específicos, mas, juntas, agravam o quadro clínico do paciente.
“A icterícia, por exemplo, na malária é um achado muito comum. No dengue é raro, assim como o sangramento é incomum na malária, e no dengue é frequente. Durante o estudo, observamos que os pacientes coinfectados têm tendência maior de apresentar um quadro clínico grave, e os principais sintomas são mais icterícia, mais sangramento, vômito, dor abdominal e o aumento do fígado”, explica.
Evento comum
Magalhães explicou que a coinfecção malária e dengue em áreas endêmicas é um evento comum, e que merece bastante atenção devido à gravidade gerada no paciente. “Essa associação – malária e dengue – agrava a situação dos pacientes. Por isso, para os pacientes com malária que apresentam sangramento, sugerimos a realização de testes para o dengue vírus, pois esses casos devem ser discutidos com mais cautela pela equipe técnica para evitar a evolução, complicações ou mesmo o óbito. Da mesma forma, sugerimos que a pesquisa de plasmódio via gota espessa (diagnóstico sanguíneo) seja insistentemente realizada para os pacientes com dengue que apresentem icterícia.”
Durante a pesquisa foram avaliados mais de 1.300 pacientes hospitalizados na FMT/HVD, nos últimos três anos. Segundo a enfermeira, foi identificada alta prevalência da coinfecção. “Identificamos alta prevalência da coinfecção malária e dengue. Dos pacientes hospitalizados 44 foram coinfectados, isso corresponde a 3,8% de prevalência da coinfecção. Na prevalência geral, entre os pacientes com malária foi de 20%, e entre os pacientes com dengue foi de 7%, isso é bem significativo e merece atenção”.
Saúde pública
Para Magalhães, o amplo desenvolvimento demográfico e a urbanização sem planejamento geram contato maior dos vetores causadores das enfermidades. “Vivemos numa região com amplo desenvolvimento sociodemográfico e urbanização sem planejamento, esses fatos geram um contato maior dos vetores dessas doenças (Anopheles darlingi e Aedes aegypti) com o homem, o que pode aumentar a ocorrência de ambas”.
O estudo, de acordo com Magalhães, pode contribuir para uma mudança na visão dos dados clínicos do paciente internado, pois as doenças estão mais urbanas e podem acontecer ao mesmo tempo. “Entender a associação clínica da coinfecção malária e dengue é fundamental”, afirmou.
A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação Celeex e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Fonte: Ciência em Pauta