Com apoio da FAPEAM, Fundação Alfredo da Matta realiza pesquisas sobre a Hanseníase que auxiliam no diagnóstico precoce da doença e no tratamento de pacientes de longo prazo


Os estudos vão da confecção de palmilha apropriada para os pés de pacientes com hanseníase até a criação de um painel, que ajuda na identificação de regiões do DNA que indicam maior chance de desenvolver a doença

 

A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, e por isso também é conhecida como lepra. Segundo os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o Estado com mais casos de hanseníase é o Mato Grosso, com 90 casos a cada cem mil habitantes. O Amazonas está em 19º lugar, com 13 casos a cada cem mil habitantes.

Com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a doença e disseminar formas de prevenção e combate, o dia 29 de janeiro foi escolhido como o Dia do Hanseniano. Em Manaus, a Fundação Alfredo da Matta (Fuam) é a responsável pelo tratamento das pessoas infectadas com esta doença.

Com o apoio do Governo do Estado por meio da Fundação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), a Fuam realiza diversas pesquisas sobre hanseníase, voltadas para o tratamento e cura dos hansenianos.

Um dos estudos de destaque está sendo realizado pela pesquisadora e doutora em Biociências Fabíola da Costa Rodrigues, que pretende diagnosticar precocemente a hanseníase e identificar as diferenças de reação à doença em cada indivíduo. A pesquisa é realizada no âmbito do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR-AM) da Fapeam.

A ideia é criar um painel com marcadores genéticos que possam ajudar na identificação precoce da enfermidade e auxiliar no diagnóstico clínico. De acordo com a pesquisadora, as análises estão sendo realizadas tanto nos pacientes da Fuam quanto em pessoas saudáveis. Todas elas passam por um rigoroso exame de pele para apontar quais regiões do DNA podem indicar maior chance de desenvolver a doença.

“A genética do paciente tem um papel significativo na descoberta e desfecho da doença. Ao compararmos as variações genéticas de indivíduos saudáveis com indivíduos infectados, podemos identificar por que algumas pessoas adquirem a doença e outras não e, assim, buscar metodologias mais específicas para detectar o bacilo em pacientes de difícil diagnóstico e em familiares de pacientes que não apresentam qualquer sinal da doença”, explicou Fabíola.

Ainda segundo a pesquisadora, o diagnóstico precoce irá ajudar a quebrar o ciclo da hanseníase e evitar que ela se agrave e cause danos na pele e nos nervos.

Tecnologia 3D para pacientes hansenianos

Outro projeto de pesquisa, executado pela Fundação Alfredo da Matta é o desenvolvimento de uma palmilha de silicone personalizada para auxiliar portadores da hanseníase. O projeto foi selecionado no âmbito do Programa Estadual de Atenção à Pessoa com Deficiência – Viver Melhor/ Pró-Assistir, da Fapeam.

Idealizado pela coordenadora do Programa de Residência em Enfermagem da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Jacqueline de Almeida Sachett, o estudo utiliza a tecnologia 3D para produzir um modelo de palmilha em silicone personalizada para os pacientes atendidos na Fuam.

A órtese tem o objetivo de prevenir o surgimento de feridas e ajudar a cicatrizar aquelas que já se manifestaram nos hansenianos, visto que a doença causa aos portadores a perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato, além da ausência de transpiração nas regiões periféricas.

Para Jacqueline, a finalidade do projeto de pesquisa é, principalmente, oferecer uma melhoria da qualidade de vida aos pacientes com tratamento prolongado. Para isso, é realizado um escaneamento digital da sola do pé de cada paciente para que a palmilha seja criada de acordo com a forma de andar de cada indivíduo.

“Depois do escaneamento nós utilizamos um programa que desenha a palmilha apropriada para o pé de cada paciente e enviamos para a impressora 3D, que faz a confecção em silicone. Vale ressaltar, ainda, que os pacientes são acompanhados por profissionais que verificam a adaptação da palmilha e se ela está ajudando na recuperação dos hansenianos”, afirmou a coordenadora.

O projeto tem parceria de empresas brasileiras especializadas na confecção e criação de materiais por meio de impressoras 3D.

 

Repórter: Ada Lima (Agência Fapeam)

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