Com apoio da FAPEAM, pesquisador pretende utilizar substâncias de plantas amazônicas para bloquear transmissão da malária
Estimativa dos pesquisadores é que, a partir de 2018, substâncias amazônicas sejam utilizadas para bloqueio da transmissão da doença
As plantas amazônicas podem auxiliar no combate a mais uma doença no Estado: a malária. Um projeto de pesquisa desenvolvido com apoio do governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), está em busca de novos antimaláricos a partir de plantas amazônicas.
Segundo o pesquisador responsável pelo estudo, Dilcindo Barros Trindade, o projeto de pesquisa faz parte de uma série de esforços de pesquisadores de todo o mundo na tentativa de reduzir a incidência de malária até erradicar a doença em todo o mundo.
“Os causadores da Malária são protozoários do gênero Plasmodium. Neste gênero, as quatro espécies P. vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale são consideradas de grande importância na epidemiologia do agravo. Além dessas, estudos apontam mais uma espécie relacionada a essa enfermidade: P. knowlesi. Então, Dessas espécies P.vivax é a mais espalhada nas regiões tropicais e subtropicais e a que causa maior mortalidade é P. falciparum”, disse Barros.
De acordo com coordenador, o projeto de pesquisa está na fase de aprimoramento da cultura in vitro dos parasitos. A busca por plantas que tenham potencial de bloqueio de transmissão de malária continua sendo o desafio do grupo. A previsão de conclusão do estudo é para 2018.
“Futuramente, a sociedade poderá se beneficiar de uma nova alternativa de antimalárico ou descoberta de uma substância que venha servir de bloqueio de transmissão da doença. Acho importante destacar a importância da bolsa da Fapeam, pois o apoio financeiro incentiva a qualificação profissional e com isso desenvolve-se melhor a pesquisa em benefício da sociedade”, disse Dilcindo Barros.
Resistência
Segundo dados divulgados pela Fundação de Vigilância em Saúde do amazonas (FVS-AM), na capital amazonense mais de 8,2 mil casos de malária provocados pelo P. vivax foram registrados nos últimos 11 meses. Já nos municípios de Ipixuna, Eirunepé e Lábrea o órgão confirmou 5,9 mil, 5,4 mil e 4,1 mil casos do mesmo protozoário, respectivamente.
De acordo com a Fundação, o número de casos provocados pelo P. falciparum, que causa maior mortalidade, ocorreu na cidade de cidade de Atalaia do Norte (869 casos), seguida por Lábrea (561) e Ipixuna (508). Devido ao uso indiscriminado de antimaláricos a espécie P. falciprum criou resistência aos medicamentos o que agravou mais a situação, conforme o pesquisador. Atualmente, P. vivax também já demonstra resistência. Tal cenário foi o que motivou o grupo de pesquisa a estudar a temática.
“O fato da resistência está ocorrendo nesses parasitos nos levou a pensar em investigar possíveis novos antimaláricos a partir de plantas da Amazônia. Sabemos que os vegetais sempre foram usados pelo homem como alternativa de medicamentos para a cura de várias doenças e um dos principais medicamentos utilizado, hoje, contra a malária, a artemisinina, tem origem a partir da Artemisia annua uma espécie vegetal”, disse o pesquisador.
Francisco Santos /Agência Fapeam
Fotos: Arquivo Pessol/Pesquisador
Foto: Mosquito / La Imprensa – AFP Pascal Guyot
Infográfico: Lícia Gonçalves/Agência Fapeam