Com investimento aproximado de R$ 845 mil, Iniciativa Amazônia+10 e Embaixada Francesa divulgam resultado final da Chamada Workshops Trilaterais


A Iniciativa Amazônia+10 e a Embaixada da França no Brasil divulgaram, hoje (16/06), o resultado final da Chamada Workshops Trilaterais, voltada para o financiamento de propostas científicas que envolvessem pesquisadores baseados na Amazônia Legal em colaboração com equipes de pesquisadores da França e Guiana Francesa. Serão financiados cinco workshops, orçados em aproximadamente R$ 845 mil, que contam com o envolvimento de 17 diferentes instituições de ensino e órgãos de pesquisa das três localidades.

“A colaboração entre a Embaixada da França e a Iniciativa Amazônia+10 nasceu de uma vontade conjunta de fortalecer a cooperação franco-brasileira na região”, explica Sophie Jacquel, conselheira-adjunta de cooperação da Embaixada. “O Brasil e a França são vizinhos, partilham fronteira, biodiversidade e problemáticas comuns. Ficamos felizes em iniciar uma cooperação científica ainda mais ativa por meio dessa parceria, para que os ecossistemas de pesquisa francês e brasileiro, e em particular o ecossistema da Guiana Francesa, possam trabalhar juntos para resolver os desafios do futuro em benefício das populações locais.”

Buscando o financiamento do maior número de projetos, também foi articulado um acordo com a participação do Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica, que contribuiu com um aporte adicional de recursos. No total, a chamada aportou um valor de R$ 845 mil, que resultou no apoio a cinco propostas, ampliando ainda mais a troca de conhecimento sobre a região. “Esses workshops irão permitir estimular as colaborações entre Brasil e Guiana Francesa, uma das missões também do CFBBA”, diz Nadège Mézié, conselheira internacional do Centro. “Com a realização destes workshops, esperamos o surgimento de projetos de pesquisa que poderão ser propostos em chamadas bilaterais ou internacionais. O CFBBA tornou-se um parceiro privilegiado da Iniciativa Amazônia+10.”

Os workshops são voltados para temáticas prioritárias, como sociobiodiversidade e bioeconomia, visando o desenvolvimento do território e também o bem-estar da população local. Os eventos vão ocorrer em modalidade presencial, ao longo dos próximos meses, em estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). A programação vai ser publicada nas redes da Iniciativa tão logo as datas estejam definidas.

“Essa chamada é um importante passo para tornar a Iniciativa cada vez mais Pan-Amazônica. O envolvimento de outros países que compartilham desse ecossistema fantástico é fundamental para que a gente tenha realmente soluções que sejam viáveis para a região como um todo. As propostas estavam muito elaboradas e esperamos resultados altamente positivos a partir dos workshops selecionados”, diz Marcel do Nascimento Botelho, Diretor-Presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA) e vice-presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), que lidera a Iniciativa Amazônia+10.

Cada projeto é coordenado por dois pesquisadores principais: um brasileiro sediado na Amazônia Legal e um da França ou da Guiana Francesa. Além disso, cada equipe também tem em sua formação a presença de mentores brasileiros e da França ou da Guiana, como forma de estreitar os laços e a cooperação internacional entre os países.

“A Iniciativa Amazônia+10 consolida-se cada vez mais como um programa de parcerias em pesquisas, projetos e colaborações entre instituições e cientistas brasileiros e estrangeiros, em temas relacionados à Amazônia, portanto nossa expectativa é a melhor possível em relação aos workshops a serem realizados sobre biodiversidade e mudança climática, comunidades tradicionais, desafios urbanos e bioeconomia”, comentou Márcia Perales, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

O edital recebeu, ao todo, 25 propostas. “Essa é a primeira chamada da Iniciativa que fomentará diretamente parcerias entre a Amazônia Legal brasileira e outros territórios amazônicos, no caso, a Guiana Francesa. Ao longo deste processo pudemos constatar que já existem redes maduras de cooperação entre as duas localidades, e esperamos que esse seja um primeiro passo para uma colaboração mais frequente entre a Iniciativa e parceiros na Guiana e, de maneira mais ampla, na França”, projeta Rafael Andery, secretário-executivo da Iniciativa.

A chamada trará para o programa um novo modelo operacional de gestão de  recursos, concentrado na Fundação Arthur Bernardes (FUNARBE). Cada grupo de pesquisa selecionado vai ter o auxílio de um gestor para cuidar dos processos administrativos e de prestação de contas do projeto – deixando, assim, os pesquisadores exclusivamente dedicados às suas atividades científicas.

Mais sobre as propostas selecionadas

O projeto “Caminhos da oralidade em terras de literatura: povos indígenas e as violências”, das pesquisadoras Cristiane da Silveira e Natália Guerellus, vai abordar temáticas como ancestralidade e decolonialidade, abrindo espaço para as reivindicações de vozes indígenas sobre seus direitos históricos, ouvindo referências como Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Eva Potiguara e Geni Núñes.

O projeto “Sociobioeconomia e Biodiversidade na Pan-Amazônia Oriental”, dos pesquisadores Hervé Louis Ghislain Rogez e Didier Bereau, vai promover a integração científica e cultural entre o Brasil e a Guiana Francesa. O evento será realizado no Oiapoque, um ponto estratégico de conexão transfronteiriça, e abordará desafios e soluções voltados para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, destacando o protagonismo de povos originários e comunidades tradicionais.

Também sob o tema da bioeconomia, o workshop “Organizando de forma diferente para outros futuros: pensando o desenvolvimento de uma bioeconomia inclusiva na Pan-Amazônia a partir de meta-organizações e dos povos indígenas”, liderado pelos pesquisadores José Augusto Lacerda Fernandes e Héloïse Amandine Berkowitz, vai abordar uma das questões-chave a respeito deste modelo de desenvolvimento: o reconhecimento dos povos e comunidades tradicionais como protagonistas desse movimento, demandando a articulação de múltiplos atores em prol de uma agenda coletiva, que respeite os seus saberes e visões de mundo.

O quarto projeto, “Desafios e Resiliências Hidroclimáticas na Amazônia”, dos pesquisadores Michele Andriolli Custódio e Jean-Michel Martinez, permitirá o debate e troca de experiências entre comunidade de cientistas e cidadãos cientistas, que desenvolvam ou participem de projetos e iniciativas envolvendo mudanças ambientais e sócio-econômicas nas bacias hidrográficas dos rios Negro e Madeira, os maiores afluentes do rio Amazonas.

Por último, a proposta “Etnoecologia dos povos amazônicos: manejo de espécies-chave culturais e bioeconomia compatível com a floresta viva”, liderada por Noemia Kazue Ishikawa e Guillaume Odonne, pretende reunir pesquisadores indígenas e não indígenas para discutir temas como usos tradicionais de recursos naturais, bioeconomia e mecanismos de remuneração por serviços ecossistêmicos às comunidades. O projeto busca contribuir para a conservação da sociobiodiversidade amazônica e a criação de soluções resilientes que integrem ciência e saberes tradicionais.

Confira a lista oficial:

1-Caminhos da oralidade em terras de literatura: povos indígenas e as violências

Pesquisadoras principais:

Cristiane da Silveira – Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

Natália Guerellus – Université Jean Moulin Lyon 3

Mentoras:

Giulia Manera – Université de Guyane (UG)

Marion Brepohl – Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Roseli Boschilia – Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Alice Pantel – Université Jean Moulin Lyon 3

2-Sociobioeconomia e Biodiversidade na Pan-Amazônia Oriental

Pesquisadoras principais:

Hervé Louis Ghislain Rogez – Universidade Federal do Pará (UFPA)

            Didier Bereau  – Université de Guyane (UG)

            Mentores:

            José Júlio de Toledo – Universidade Federal do Amapá (UFAP)

Grazielle Sales Teodoro – Universidade Federal do Pará (UFPA)

Jeannine Ho-A-Sim – Université de Guyane (UG)

Daniela Florez – Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (CIRAD)

3-Organizando de forma diferente para outros futuros: pensando o desenvolvimento de uma bioeconomia inclusiva na Pan-Amazônia a partir de meta-organizações e dos povos indígenas

Pesquisadoras principais:

            José Augusto Lacerda Fernandes – Universidade Federal do Pará (UFPA)

Héloïse Amandine Berkowitz – Aix-Marseille Université

            Mentores:

            Mylène Danglades – Université de Guyane (UG)

Philipe Eynaud – Sorbonne Université

Mário Vasconcelos Sobrinho – Universidade Federal do Pará (UFPA)

4- Desafios e Resiliências Hidroclimáticas na Amazônia

Pesquisadoras principais:

            Michele Andriolli Custódio – Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

            Jean-Michel Martinez – Institut de Recherche pour le Développement (IRD)

            Mentores:

            Naziano Pantoja Filizola Junior – Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Roberto Ventura Santos – Universidade de Brasília (UnB)

Martin Bernard Roddaz – Géosciences Environnement Toulouse

Marjorie Gallay – Office de l’eau de Guyan

5-Etnoecologia dos povos amazônicos: manejo de espécies chaves culturais e bioeconomia compatível com a floresta viva

            Pesquisadoras principais:

Noemia Kazue Ishikawa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)

            Guillaume Odonne – Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS)

            Mentores:

Tiara Sousa Cabral – Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Juarez Carlos Brito Pezzuti – Universidade Federal do Pará (UFPA)

Benoit de Thoisy – Institut Pasteur de Guyane

Marie Fleury – Muséum National d’Histoire Naturelle (Gadepam)

Por: Iniciativa Amazônia +10

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