Comportamento da Ariranha é objeto de estudo
Avaliar o uso das áreas de represas alteradas pelo homem, com o objetivo de estudar alterações na biologia da espécie da ariranha quanto aos seus hábitos alimentares, organização social e sazonalidade. Foram esses os objetivos da pesquisa coordenada pelo doutor Fernando César Weber, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa). O projeto fez parte do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). De acordo com o coordenador do projeto, doutor Weber, a intenção é gerar dados acerca de ambientes alterados, preservando a espécie ameaçada de extinção pela destruição de habitats e abate indiscriminado.
A construção de Usinas Hidrelétricas como o caso de Balbina sugeriu ameaça à espécie em função da permanente inundação e conseqüentemente destruição dos ambientes utilizados pelas ariranhas. O terreno de Balbina possui mais de três mil ilhas com inúmeras elevações, muitas delas permitem que as ariranhas cavem as suas tocas nos barrancos onde residem. No lago da hidrelétrica há uma dominância de espécies carnívoras, ela por sua vez se alimenta de piranha, assim predando o ambiente.
Durante a pesquisa foram identificados nove tipos de bioacústicas (vocais), a duração do sinal sonoro esteve relacionada com o nível de stress do animal. Os resultados relevaram a existência de sons característicos exclusivos de filhotes.
As ariranhas vivem em grupos familiares de até doze indivíduos, são especializadas em pescar e comer peixes grandes, mas provavelmente também podem comer crustáceos, moluscos ou outros vertebrados como cobras e filhotes de jacarés. A mancha branca na pelagem preta no pescoço é como uma impressão digital, ela é usada para reconhecer individualmente as ariranhas na natureza. Atualmente o projeto desenvolve outras pesquisas relacionadas a biologia e ecologia no Lago de Balbina.
Foram identificados 51 grupos distintos de ariranhas e registrados mais de 115 indivíduos no reservatório. Os nascimentos podem ocorrer ao longo do ano, mas a espécie apresenta maior pico no segundo semestre no lago de Balbina.
Nayr Claúdia – Decon/Fapeam