Comportamento social na área rural de Manacapuru é objeto de estudo financiado pela FAPEAM
A socioespacialidade e dinâmica cultural na Comunidade São Raimundo, localizada na zona rural do município de Manacapuru, distante 86 quilômetros da capital é o objeto de estudo da mestranda da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Taciana Lima Magalhães. A pesquisa foi desenvolvida dentro do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
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Inicialmente, o objetivo da pesquisa era identificar se houve ou não mudanças nos costumes e no modo de vida da população após a inauguração da Ponte Rio Negro, mas a mestranda expandiu a linha de pesquisa para a interdisciplinaridade e analisou outros aspectos no local escolhido. “É importante uma discussão interdisciplinar para que tenhamos uma nova forma de fazer ciência, estabelecendo e levando em conta sua complexidade, além de saber analisar os ecossistemas comunicacionais e todas as redes que se interligam nas teias que compõem as vidas entrelaçadas na Amazônia”, avaliou Taciana.

Durante sua pesquisa de campo, Taciana se mudou para a comunidade, onde conviveu diariamente com os moradores do local
Para a mestranda, o recurso fornecido pela FAPEAM foi fundamental para que a pesquisa – que durou dois anos – terminasse no período estabelecido, principalmente para a locomoção até a Comunidade São Raimundo, situada no KM 58 de Manacapuru. O financiamento, segundo Taciana, incentiva e estimula jovens pesquisadores. “Ao longo do tempo me tornei mais responsável, mais ética, mais respeitosa com o saber dos outros e, mais ainda, com os saberes locais amazônicos”, declarou a mestranda afirmando que espera ser exemplo para outros jovens que buscam no estudo a mudança de vida. “Ainda que existam dificuldades no caminho, há muitas alegrias. E a FAPEAM é importante em todo processo”, disse.
A PESQUISA
Habituada a frequentar comunidades agrícolas do interior do Amazonas, Taciana, desde o bacharelado em Ciências Sociais, já havia definido a linha de raciocínio que seguiria na pesquisa. Porém, a mestranda quis dar à pesquisa um diferencial, baseado nas leituras que serviram de referencial para o desenvolvimento do trabalho. Assim, ao invés do uso de gráfico, tabelas e/ou questionários socioeconômicos, a jovem optou, mesmo usando a metodologia qualitativa, as aptidões sensoriais, a intuição e o contato diário com a comunidade.
“Não foi fácil adotar esses critérios, até porque os próprios produtores rurais estão acostumados ao modo tradicional, onde um pesquisador vem, faz suas perguntas, aplica um questionário, mapeia o local, apresenta ou publica sua pesquisa e não volta mais”, disse Taciana, ressaltando que sua pesquisa, além de um compromisso acadêmico, é um compromisso social.

A pesquisa foi desenvolvida dentro do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) da Ufam
“É um novo contato da ciência interdisciplinar com os habitantes das comunidades agrárias do Estado, levando em consideração o saber local e respeitando a população”, declarou.
RESULTADO
Com o convívio estreito junto à Comunidade aliado à leitura e análise de jornais locais, Taciana entendeu que “a Ponte Rio Negro é, de fato, um meio de aceleração urbana para as comunidades rurais que utilizam a estrada como meio de transporte de cargas e mercadorias” e levou melhoria na qualidade de vida e dignidade para as populações que ali vivem com a implantação de serviços básicos de infraestrutura.
Rosianne Couto – Agência FAPEAM
Fotos: Acervo da pesquisadora