Concentração populacional em áreas urbanas na região Norte é tema de pesquisa


 17/06/2011 – A concentração populacional e o fluxo migratório em direção às zonas urbanas têm sido as principais causas de desigualdade regional em termos econômicos e sociais, agravados pelo isolamento geoeconômico na Região Norte. Somente Manaus, por exemplo, detém 51% da população do Estado do Amazonas, sua renda per capita é quase nove vezes maior que a de São Paulo de Olivença e ainda concentra 81,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de um Estado com mais 61 municípios.

Para avaliar as consequências desta realidade e elaborar dados que possam indicar alternativas de redução dessa disparidade, o economista Renilson Rodrigues, apresentou, em março deste ano, na Universidade de São Paulo (USP), a tese de doutorado ‘Aglomerações populacionais na Região Norte do Brasil de 1980 a 2000: uma abordagem por meio da nova geografia econômica’. 

Para realizar a pesquisa, Rodrigues recebeu apoio do RH Posgrad, programa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), onde o economista integra a equipe técnica de estudos econômicos e empresariais.

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Após três anos de pesquisa, sendo a primeira parte desenvolvida em São Paulo e a segunda no Canadá, o economista constatou, a partir dos resultados do projeto, que a concentração na área urbana está fortemente relacionada às dificuldades de acesso. 

“As pessoas migram em busca de qualidade de vida, empregos e renda, que elas não encontram nas cidades mais isoladas, sobretudo nas zonas rurais da Amazônia. Trata-se de um problema que gera outro”, ressaltou. 

Segundo o especialista, tal realidade contribui para a piora dos indicadores socioeconômicos das maiores cidades, aumentando os bolsões de miséria, a violência, o desemprego, entre outras mazelas sociais. “Isso acontece porque grande parte desses migrantes integra uma força de trabalho sem grau de qualificação para as zonas urbanas”, acrescentou. 

Em relação a outros Estados da Região Norte, os dados apontados por Rodrigues, tanto em população quanto em PIB para o ano de 2006, mostram o Amapá, onde se apresenta o maior nível de concentração, com os cinco maiores municípios concentrando 88,3% do PIB e 87,6% da população. Em seguida vem Roraima, com 85% do PIB e 81,8% da população e, depois, o Amazonas, com 87,7% do PIB e 62,1% da população.O Acre tem 74,3% do PIB e 73,5% da população. Nos demais, os percentuais ficaram próximos de 50%.

Naquele ano, no agregado da Região, os dois maiores municípios (Manaus e Belém), concentravam 37% do PIB da Região Norte e 21% da população. Por outro lado, 45,9% do total de municípios respondiam por apenas 5% do PIB e 10% da população em 2006.

/Para o pesquisador, a alternativa é evitar essa migração. Mas, para que isso aconteça, são necessários investimentos em infraestrutura de transporte, de modo que se facilite o escoamento da produção do interior. “Falta organizar a produção rural, além de investimentos em infraestrutura urbana, para que as pessoas tenham acesso a bens e serviços com mais facilidade, sem necessidade de deslocamento e, sobretudo, investimento em educação”, enfatizou. 

O especialista acrescenta que a prioridade na Educação é o caminho inicial para reduzir as distâncias na Amazônia. Entre as sugestões indicadas pela pesquisa, está a criação de polos regionais em locais estratégicos, como Tefé, Tabatinga, Santarém e Boca do Acre, por exemplo. “Com isso, as disparidades regionais que hoje se observam, seriam reduzidas e talvez eliminadas”, concluiu.

 

Nível de concentração do PIB e da população da capital e dos cinco maiores municípios de cada Estado da Região Norte – ano de 2006

 

Estado

Descrição

Concentração

 

 

PIB

População

AC

Rio Branco

54,0%

45,7%

 

5 maiores

74,3%

73,5%

AM

Manaus

81,5%

51,0%

 

5 maiores

87,7%

62,1%

AP

Macapá

64,0%

59,8%

 

5 maiores

88,3%

87,6%

PA

Belém

28%

20,1%

 

5 maiores

45%

36,0%

RO

Porto Velho

29%

24,4%

 

5 maiores

53%

46,3%

RR

Boa Vista

71%

61,9%

 

5 maiores

85%

81,8%

TO

Palmas

20%

16,6%

 

5 maiores

47%

38,5%

Fonte: Elaborada com base nos dados do IBGE (2009).

 

Sobre o RH Posgrad

O Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas concede bolsas de mestrado ou doutorado a profissionais interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu (mestrado ou doutorado), prioritariamente nas áreas de linguística, letras e artes, ciências humanas e sociais, engenharias e ciências da saúde, em Programa de Pós-Graduação recomendado pela Capes.

Alessandra Karla Leite – Agência FAPEAM

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