Conhecimento para combater a subordinação


Nenhum país desenvolvido adquiriu esse status sem considerar de suma importância o desenvolvimento intelectual, científico e tecnológico. É essa a compreensão que se tem ao ler o livro “Subordinação reiterada”, de Noval Benaion, publicação da Editora da Universidade Federal do Amazonas (Edua) financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Publicação (Publica).

No decorrer do livro, Banaion conduz o leitor continuamente a essa compreensão, fazendo uso de vários autores e embasado na certeza de que o estoque de conhecimento apropriado por uma nação é a principal causa das várias dimensões de suas riquezas. Para o autor, o Brasil poderia muito bem ser outro país, se tivesse tomado rumos por caminhos diferentes do que estamos percorrendo, mas foi conduzido a promover um padrão de desenvolvimento que o faz permanecer subordinado.

Um dos caminhos propostos a esta situação de subordinação é o fato de os governos terem optado por programas que transformassem o Brasil em um país de industrialização compatível e o mais próximo possível das experiências de industrialização consolidadas no desenvolvimento capitalista, considerando a influência de agentes externos na construção da relação estreita entre governo e iniciativa privada.

A idéia firmada pelo sociólogo Renan Freitas Pinto, que enfatiza as conseqüências dessa condição ao país na introdução assinada por ele. “Na verdade, entretanto foi conduzido a tomar caminhos que o levaram ao mesmo tempo a promover um padrão de desenvolvimento que, em lugar de lhe assegurar autonomia e independência, enredou-o numa teia que o condicionou a permanecer dependente subordinado, e, para algumas de suas regiões, a idéia de desigualdade e de atraso transformou-se em sua marca identitária”.

Por isso mesmo, o autor enfatiza a idéia de compreensão acerca da condição do subdesenvolvimento – caracterizado pelo desemprego elevado e tudo o que compõe a estagnação econômica e social -, como produto da ação política deliberada de países que definem as relações de dominação e dependência comuns na integração centro-periferia.

O livro analisa fatores que contribuem para a consolidação da atual conjuntura política, econômica, social e cultural do Brasil. Nesse cenário, se evidencia a posição de nação perdedora, subdesenvolvida e subordinada, traços do período colonial presentes no atual.

Propostas
Nas propostas de Benaion, para reverter esse processo, a educação ocupa lugar de destaque. Em sua reflexão, o autor aponta que, apesar de o tema freqüentar o discurso governamental, ele não se reflete na prática.

“Com base nessa observação, se procura compreender as razões que determinam a formação da sociedade brasileira e como estas influem para a evolução econômica para baixo ou estagnada (…). Investiga-se como as questões macroeconômicas e sociais determinam a qualidade da educação, da ciência e tecnologia, e os tipos de cultura que refletem a dominação imperialista no país”, questiona o autor.

A pesquisa é apontada como elemento fundamental para a construção de um desenvolvimento comprometido com um projeto nacional democrático e independente. Entretanto, essa transformação somente será possível quando os governos revisarem sua compreensão equivocada sobre a integração entre Educação, Ciência e Tecnologia, focando-as na produção nacional e o desenvolvimento social.

“A destruição progressiva do sistema de pesquisa básica voltada para o consumo de massa demonstrou o desprezo que os governos tinham para com o bem público”, enfatiza Benaion.

O livro foi lançado pela Edua durante a ExpoT&C, exposição paralela à 59ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em julho, na cidade de Belém (PA).

Além de “Subordinação Reiterada”, a Edua lançou, com apoio da Fapeam, os livros: "Terras, florestas e águas de trabalho", de Antônio Carlos Witkoski, e "Viagem pelo Rio Amazonas", de Paul Marcoy.

O apoio a publicações é uma estratégia da Fapeam para estimular a divulgação dos resultados de pesquisas de interesse regional.

Michele Portela – Agência Fapeam

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