Criança com implante coclear supera dificuldade de comunicação


17/04/2013 – O Implante Coclear pode ajudar uma criança com limitações auditivas a superar dificuldades de comunicação. É o que aponta a pesquisa intitulada ‘Da fala ao discurso: análise das produções linguísticas de uma criança surda usuária de implante coclear’, desenvolvida pela pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Mariana dos Santos Pedrett.

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O resultado é fruto da tese de mestrado do Curso de Pós-Graduação em Letras do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL/Ufam) e contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad). A pesquisa foi desenvolvida no período de dois anos, sob a orientação do professor Odenildo Sena.

De acordo com Pedrett, tratou-se de um estudo de caso longitudinal e transversal sobre a evolução linguística de uma criança com surdez profunda, que recebeu implante coclear (IC) com idade de um ano e dois meses.

"Por meio do estudo, podemos analisar a trajetória linguística dessa criança com o apoio da sua genitora que nos forneceu vídeos detalhando o cotidiano da criança. Por meio dos mesmos podemos fazer uma análise desde o momento da ativação do dispositivo", disse.

Segundo Pedrett, a pesquisa se constituiu de duas fases. "Primeiro foi realizada a investigação em relação ao perfil fonético e fonológico com o objetivo de descobrir se o processo seguia os mesmos caminhos de aquisição percorridos por crianças com audição normal. Em seguida, foi observado de que forma a criança interagia por meio do diálogo com as pessoas de seu convívio", disse a pesquisadora.

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/implante-coclear.jpgComo resultado, segundo Pedrett, foi possível observar que com o implante coclear a criança passou a experimentar a possibilidade muito próxima do sistema fonológico de sua língua, apesar de um leve atraso em relação à pessoa com audição normal. "Atraso esse que enfatizo como irrelevante diante do fato de a criança ser deficiente auditiva de grau profundo, em que, sem o IC, seria capaz de ouvir apenas a explosão de fogos de artifício ou o ronco de uma moto, por exemplo", ressaltou.

Pedrett afirmou que o implante coclear possibilitou a independência da criança na comunicação. "Com o IC, a criança passa entender as palavras e os gestos enunciativos. No nosso entender, esso é um dado bastante relevante em nossas análises, pois, no decorrer desse trajeto, visualizamos a evolução linguística da criança", finalizou.

O estudo foi apresentado no dia 22 de março no auditório Rio Negro do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL/Ufam). Participaram da banca os professores e doutores, Odenildo Sena, Maria Sandra Campos e Sérgio Augusto Freire de Souza.

Projeto piloto

A pesquisa já rendeu bons frutos. Transformou-se em um projeto piloto que visa atender crianças submetidas ao implante. Conhecido como Programa de Reabilitação para Crianças usuárias de implante coclear (PIC), a proposta objetiva proporcionar a estimulação da linguagem oral nas crianças usuárias do implante coclear.

"O programa também desenvolve outros papeis que são: orientar os professores da rede municipal sobre as peculiaridades do implante, sobre como essas crianças ouvem os sons, quais são as suas limitações, uso do sistema FM (frequência modulada) em ambiente ruidoso, acompanhar os pais dessas crianças devido às expectativas relacionadas ao bom resultado após o implante", pontuou Pedrett.

O projeto piloto funciona há mais de seis meses no Complexo de Educação Especial André Vidal Araújo (CMEE) e é comandado por uma equipe multidisciplinar, formada pela fonoaudióloga Mariana Pedrett, a psicóloga Regina Schneider Marinho e a pedagoga Ana Cristina Soares.

Sobre o Posgrad

O programa apoia, com bolsas de mestrado e doutorado, e auxílio financeiro, as instituições localizadas no Estado do Amazonas que desenvolvem programas de pós-graduação Stricto Sensu credenciados pela Capes.

Imagem 2: Da esquerda para a direita: Sérgio Freire, Mariana dos Santos Pedrett, Maria Sandra Campos e Odenildo Sena (Foto: Divulgação).

Rosa Doval – Agência FAPEAM

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