C&T no Amazonas deve priorizar difusão e inclusão social


Os investimentos em ciência, tecnologia e inovação no Amazonas, a partir da criação do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia, a descentralização das agendas nacionais na área de C&T e a importância da socialização do conhecimento como estratégia de inclusão social foram os principais assuntos debatidos hoje, na mesa-redonda “Ações políticas de ciência, tecnologia e inovação para a Amazônia e inclusão social”, na abertura do II Seminário de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social na Amazônia.

O evento aconteceu durante todo o dia, no auditório da Escola Superior de Tecnologia (EST) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). José Aldemir de Oliveira, secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, Odenildo Teixeira Sena, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e Carlos Bueno, coordenador de Extensão do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foram os debatedores.

Odenildo Sena apresentou os indicadores da Fapeam, destacando os investimentos do Governo Estadual em C,T&I e a necessidade de que esses resultados sejam percebidos pela população. “É preciso fazer com que as pessoas mais simples percebam os impactos do investimento em ciência e tecnologia no seu dia-a-dia. O Amazonas vive uma situação singular, com R$ 106 milhões investidos em menos de cinco anos, mas precisamos difundir as nossas ações para a sociedade, que é a legítima beneficiária”.

Descentralizar os recursos também é fundamental, na opinião de Odenildo Sena. “Historicamente, as agências nacionais de fomento vêm privilegiando as regiões Sul e Sudeste. A continuar dessa maneira, nós, no Amazonas e na Amazônia, vamos permanecer atrás. Ou seja, a nossa grande luta começa exatamente para sermos incluídos”, afirmou, acrescentando que a descentralização leva à redução das desigualdades sociais e do poder.

Odenildo Sena reconhece que essa é uma luta árdua, mas salientou que o Governo do Amazonas está fazendo a sua parte, com investimentos na pesquisa e, sobretudo, na formação de recursos humanos, sempre na perspectiva de promover a inclusão social pela ciência. Ele cita o exemplo de São Gabriel da Cachoeira, “município que possui um pequeno, porém aguerrido, grupo de pesquisadores que concorre a todos os editais da Fapeam”.

Em sua palestra, o presidente da Fapeam destacou o seminário como um importante reflexo dos avanços que a ciência e tecnologia têm dado na região. Para ele, a presença dos estudantes no seminário, interessados em debater o tema C&T e inclusão social, revela uma realidade que se multiplica no Amazonas, inclusive pelo interior. “Muitos jovens estão se integrando aos programas da Fapeam, principalmente nos de iniciação científica”, disse Sena.

Boa parte desses alunos que participam dos programas de iniciação científica da Fapeam continua na carreira acadêmica. “Pouquíssimos são os que não avançam para o mestrado ou doutorado. Isso é muito significativo, pois o retorno é assegurado”, observou Sena. Segundo ele, a Fapeam tem garantido, até o ano de 2010, o repasse de R$ 37 milhões para manutenção dos atuais projetos e novos investimentos na área de pesquisa, tecnologia e inovação.

Também participaram da mesa-redonda José Aldemir de Oliveira, da Sect, explicando o funcionamento do Sistema Estadual de C&T, e Carlos Bueno, coordenador de Extensão do Inpa, que falou das ações da instituição para a inclusão social.

José Aldemir ratificou o que havia dito na abertura do evento, quando expôs que o principal sentido da existência do sistema é nacionalizar a pauta sobre a Amazônia. “Mas isso só é feito com investimentos maciços em ciência e tecnologia”, salientou. O Sistema Estadual de C&T é composto pela Sect, pela Fapeam, pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e pelo Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam).

À tarde, foi debatido o tema “Políticas públicas para o desenvolvimento sócio-econômico: cenários para o futuro”, que contou com representantes da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), da Secretaria de Estado de Articulação de Políticas Públicas (Searp), da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplan) e da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam).

"Um novo Brasil"

Organizado pela Sect, o evento teve início com uma apresentação do coral Amazonas em Canto, do Inpa, e contou com ainda com a presença de Adalberto Val, diretor da instituição, representando o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Gilza Batista, secretária da Searp, Auxiliadora Mourão, da UEA, José Marcelo de Casto, secretário em exercício da Seplan, e Emannuel Aguiar, da Suframa.

Todos salientaram a importância estratégica do seminário para a formulação de políticas públicas para o Estado do Amazonas e para a Amazônia e destacaram o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a Ciência e Tecnologia – o PAC de C&T – lançado no último dia 20, pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. "Esse plano nos traz um alento", afirmou Adalberto Val.

Gilza Batista apontou o PAC Indígena, lançado no dia 21 de setembro, em São Gabriel da Cachoeira (AM), como outro indicativo desse "momento singular no Brasil": "Esse programa, assim como PAC Educação, traz novas perspectivas para o país. Em 2010, com certeza, o nosso país terá um outra cara. No caso específico do PAC Indígena, o Brasil deve isso aos ribeirinhos, às comunidades tradicionais e aos indígenas".

 

 Tatiana Lima – Agência Fapeam

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