Decomposição de folhas nos igarapés é apresentada em Seminário


 07/07/2011 – Analisar o funcionamento ecológico dos igarapés com o objetivo de conhecer profundamente o processo de decomposição das folhas encontradas às margens e no interior destes rios foi a proposta apresentada na tarde da última quarta-feira, 6 de julho, pela doutora em Ecologia do Centro Universitário Nilton Lins, Sheyla Regina Marques Couceiro.

A apresentação fez parte do segundo dia do Seminário de Avaliação dos Programas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que visa a avaliar os resultados finais ou parciais dos projetos financiados com recursos públicos oriundos das duas instituições de fomento à pesquisa. As avaliações acontecem até esta quinta-feira, 7 de julho, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Conhecer para manejar eficazmente

Por meio do projeto ‘Efeito do aporte de sedimento atrópico na decomposição de folhas em igarapés’, a pesquisa foi realizada em oitos igarapés do Amazonas localizados ao longo das rodovias AM-010, Estrada de Balbina e BR-174. Com a abertura de estradas, construção de dutos, passagem de linhas elétricas para o desenvolvimento urbano, essas ações acarretam mudanças na paisagem original do ambiente e deslocam os solos de posição, gerando sedimentos que são transportados aos igarapés.

A pesquisadora afirmou que, mesmo com o controle dos processos erosivos nestes locais, o transporte de sedimentos para os igarapés ainda é relativamente alto, causando efeitos negativos sobre toda a microbacia. “Um exemplo são os assoreamentos que interrompem o ciclo de passagem de um igarapé. Por isso, a importância da pesquisa”, observou.

Estudo é realizado por meio comparativo de folhas/

A pesquisadora realiza o estudo com saquinhos de malhas finas e grossas. As folhas são colocadas dentro dos sacos que são enfileirados em espaços de 50 centímetros nos igarapés. A comparação do peso remanescente nos pacotes das respectivas malhas é avaliada em relação à ação de macroinvertebrados presentes nos igarapés.

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Foi identificado que o coeficiente de degradação das folhas no trecho preservado dos igarapés é significativamente maior que o observado nos trechos assoreados. Com isso, observou-se que os pacotes de folhas incubados em trechos de igarapés assoreados levam mais tempo para serem processados que seus respectivos trechos preservados. Ou seja, os trechos preservados decompõem mais rápido seus sedimentos em relação aos não preservados.

Sedimento antropogênico EUA x Brasil

Em sua apresentação, Couceiro explicou que, nos Estados Unidos, o sedimento antropogênico – impacto no meio ambiente derivado da atividade humana – é considerado um dos principais poluentes de rios e igarapés e perfaz 70% do aporte de sedimentos direcionados aos mesmos, impactando uma grande extensão desses ecossistemas e causando um prejuízo de cerca de 16 milhões de dólares/ano em danos ambientais. No Brasil, é necessário ter o conhecimento suficiente para que os recursos hídricos não sejam desperdiçados em demasia, ponderou a pesquisadora.

Sobre o DCR

A pesquisa acontece no âmbito do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR). Esse programa, criado pela FAPEAM, em parceria com o CNPq, consiste em apoiar com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados em outros Estados e no Amazonas, interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Amazonas.

Redação: Nefa Costa

Edição: Carlos Fábio Guimarães – Agência FAPEAM

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