Dieta influencia no aumento de peso de peixes-boi e reduz tempo de reabilitação


A nutrição é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de animais em reabilitação, inclusive de filhotes de peixes-boi, animais completamente dependentes de dieta láctea artificial nos seus dois primeiros anos de vida.

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Por isso, o Instituto Mamirauá, que possui um centro especializado em reabilitação desses espécimes na Amazônia, vem desenvolvendo uma pesquisa para adequar a dieta artificial de acordo com a necessidade de cada animal. Desenvolvida desde 2013, os resultados já indicam maior ganho de peso para os peixes-boi, permitindo que permaneçam menos tempo em cativeiro, até serem soltos em ambiente natural.

Chegada da Cassi do Betel no Centrinho( Fotos Amanda Lelis)

Peixe Boi tratado no instituto Mamirauá ( Fotos Amanda Lelis)

O ganho de peso e o crescimento desses peixes-boi dependem de uma dieta adequada, baseada no leite. No centro de reabilitação são fornecidas mamadeiras diárias, que incluem leite em pó, água e fonte de gordura, em proporções variáveis de acordo com cada caso. “Trabalhando com equações exponenciais, baseadas na taxa metabólica basal e fatores de ajustamento clínico individuais, é possível calcular a necessidade calórica energética diária para cada filhote, de acordo com seu peso e condições clínicas. Com essas fórmulas, corrigimos o déficit calórico que ocorria nos animais com a dieta anterior e readequamos a composição do leite, conforme as necessidades de cada um”, afirma Guilherme Guerra, veterinário do Instituto Mamirauá.

Baseando-se nos cálculos das necessidades energéticas de manutenção diárias, garante-se mais segurança para trabalhar com o aleitamento artificial. Com a readequação da dieta, o ganho de peso foi potencializado. As primeiras avaliações após a mudança da dieta mostraram que a média do ganho de peso semanal dos animais triplicou.

À medida que os animais vão crescendo, além de considerar o ganho de peso, crescimento e adaptação à ingestão de vegetação, ocorre o desmame, ou seja, há mudança na dieta com a redução gradual das mamadeiras e, consequentemente, aumento do consumo de plantas aquáticas. “No processo de desmame a gente também teve algumas mudanças, principalmente na diminuição da frequência das mamadeiras e na concentração do leite, oferecendo o alimento mais parecido com o leite da mãe. A gordura do leite é energia, o que é importante para o desenvolvimento dos filhotes, principalmente no segundo ano de vida, como ocorre na natureza”, avalia o veterinário.

Dieta a base de plantas

Além do leite, os animais também consomem macrófitas aquáticas. Para conhecer melhor o desempenho nutricional das principais macrófitas usadas no centro, também foram realizadas análises bromatológicas em seis espécies de plantas. Nessa pesquisa, foram levantados dados sobre teor de proteína, fibra e matéria mineral, por exemplo.  “A partir dessas análises, a gente conseguiu saber quais das macrófitas são as mais importantes para fornecer aos animais nos diferentes estágios do processo de reabilitação. Por exemplo, o chibé (Azolla sp.)tem alta concentração de proteína bruta, 19%, então ela é uma macrófita muito importante para os filhotes durante o seu desenvolvimento”, comenta Guilherme.

Finalista do Prêmio Nacional de Biodiversidade

A iniciativa do Instituto Mamirauá “Conservação do peixe-boi na Amazônia Brasileira” é finalista do Prêmio Nacional de Biodiversidade, promovido pela primeira vez no Brasil pelo Ministério do Meio Ambiente. Os vencedores de todas as sete categorias serão conhecidos no Dia Mundial da Biodiversidade, 22 de maio, em cerimônia a ser realizada em Brasília (DF). Um prêmio especial será concedido ao vencedor de uma votação popular que deve começar ainda nesta semana.

Foram 888 iniciativas inscritas no prêmio. Dessas, 213 foram homologadas conforme as regras da premiação. Dessas, 32 chegaram à semifinal e 18 passaram para a etapa final. “Esta indicação vem reconhecer o trabalho de mais de 20 anos, iniciado localmente, mas que ao longo dos anos agregou um grande número de pesquisadores, de variadas especialidades, e provenientes de diversas regiões do país, que atuam, direta ou indiretamente, na conservação do peixe-boi amazônico”, disse a pesquisadora Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá.

Fonte: Instituto Mamirauá. Com informações de Vanessa Eyng e com colaboração de Eunice Venturi

Foto central da reportagem: Thiago Albuquerque

 

Uma resposta para “Dieta influencia no aumento de peso de peixes-boi e reduz tempo de reabilitação


  1. PAULO SERGIO disse:

    Parabéns ao Instituto Mamirauá que tem cuidado desta espécie com muito carinho.



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