Divulgação científica fortalece política de C&T brasileira
A sociedade civil organizada e as instituições de pesquisa regionais devem pressionar mais ainda o Governo Federal para influenciar nos rumos da política de Ciência e Tecnologia (C&T) do país. Nessa perspectiva, a divulgação científica é fundamental. A afirmação é de Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização e Difusão de C&T do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Ele participou do IX Congresso de Jornalismo Científico, nos dias 22 e 23, em São Paulo (SP).
De acordo com Ildeu, o interesse dos brasileiros por C&T é muito alto, como mostram dados de pesquisa realizada pelo MCT, durante a IV Semana Nacional de C&T. Entretanto, a população é carente de fontes de informações confiáveis. De acordo com a pesquisa, 47% dos entrevistados apontaram interesse por informações sobre C&T, índice equivalente ao de esporte. Setenta por cento apontaram os temas saúde e medicina como prioridades.
Para Ildeu, o Brasil precisa investir em uma política que melhore a divulgação científica no Brasil. “Entretanto, o aprimoramento da divulgação científica no país passa pela necessária qualificação da educação científica oferecia à população brasileira”, disse.
Para mudar esse quadro, os rumos política de C&T anunciada pelo Governo Federal, na última semana, representam um avanço. “Pela primeira vez, temos um plano que indica a popularização da ciência como uma de suas prioridades, aos mesmo tempo que trabalha a consolidação dos sistemas de C&T nos estados”, explicou o diretor.
Ildeu também considera imprescindível a participação das fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs), como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que investe em um programa específico de divulgação cientítica – o Comunicação Científica. “A Fapeam está realizando um belo trabalho na Amazônia. Gostaria de discutir parceria para a elaboração de novos editais no âmbito da divulgação em C&T específicos para a região”.
A divulgação das pesquisas e conhecimento produzidos regionalmente poderiam influenciar na construção de programas e aplicação de investimentos para melhor atender às necessidades regionais. “Governo só financia se houver pressão política e social em cima dele. Por isso, nem as FAPs nem a sociedade civil organizada podem se omitir nesse processo”, afirmou Ildeu.
O Amazonas foi citado ainda como exemplo na realização das semanas nacionais de C&T no Estado, por envolver os municípios do interior. “Realizar a Semana Nacional em São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, onde há quatro línguas co-oficiais, é a representação da diversidade brasileira”, afirmou, acrescentando que, em 2008, a Semana Nacional de C&T terá como tema “Evolução e Diversidade”.
Política de Ciência e Tecnologia
Ildeu alertou para as oportunidades oferecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No dia 20, o CNPq lançou uma nova chamada, o edital nº 42/2007, voltado para apoiar projetos de popularização da ciência e tecnologia das universidades, instituições de pesquisa, museus, centros de ciência, planetários, fundações, entidades científicas e outras instituições. A data limite para submissão das propostas é o dia 22 de janeiro.
Serão disponibilizados recursos da ordem de R$ 7 milhões. O valor máximo que será concedido por projeto é de R$ 400 mil. As propostas poderão ser apresentadas por pesquisadores, professores e especialistas vinculados a instituições que promovam atividades de popularização da C&T.
Michelle Portella e Ana Paula Freire – Agência Fapeam