Documentário retrata ocupação desordenada da Amazônia
A sala de seminários da biblioteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) se transformará, nesta quarta-feira, às 16h30, em um palco para receber a exibição do documentário “Mamazônia – A Última Fronteira”. Produzido pelos cineastas Celso Luccas e Brasília Mascarenhas, a película retrata duas décadas (1980 e 1990) de ocupação da Amazônia.
O foco do documentário é a ocupação desordenada da região pelos colonos e pequenos agricultores que, atraídos pelas promessas e propagandas do governo, penetraram na Amazônia em busca de um falso Eldorado. Depois de muitas frustrações, eles descobrem que tudo não passava de uma ilusão. As imagens mostram as conseqüências da ocupação imposta por sucessivos governos sem nenhum tipo de planejamento. O documentário é o resultado de dez anos de pesquisas dos cineastas.
Segundo Celso Luccas, apesar de o filme ter sido produzido em 2002, o tema abordado pelo documentário permanece atual. Isso porque as ocupações promovidas por grileiros e madeireiras são realidades vividas pelas populações do Pará e Sul do Amazonas ainda hoje. Para ilustrar, ele cita como exemplo um trecho do documentário em que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) faz o assentamento de colonos em terras indígenas e a Funai (Fundação Nacional do Índio) tenta desocupá-las. Contudo, só recebe o documento de reintegração no dia em que os colonos vão realizar a colheita da lavoura.
Para viabilizar a exibição do “Mamazônia” nos lugares onde o documentário foi filmado, os cineastas idealizaram o projeto “Cinema Ambulante na Amazônia” Eles viajaram pelas mais variadas localidades percorrendo rios, estradas e igarapés. A primeira etapa, realizada em 2007, percorreu os Estados do Acre e Rondônia. Durante dois meses, aconteceram sessões em seringais, aldeias indígenas, escolas, universidades, igrejas, praças públicas e centros comunitários.
A segunda etapa, realizada este ano, percorreu os Estados do Amazonas e Pará. Ao longo de 40 dias foram realizadas mais de 30 projeções e aproximadamente três mil pessoas tiveram a oportunidade de assistir ao documentário.
“Você vê a emoção nos olhos de cada telespectador. Foi a forma encontrada para devolvermos à população local sua história. Era como eles se vissem na tela de projeção. Nós aproveitamos a oportunidade para filmar os testemunhos das pessoas. O material será utilizado para o documentário Cinema em Transe, ou seja, é o cinema por dentro do cinema”, relata Celso Luccas. Ele disse que deseja retornar no próximo ano para exibir o documentário nos Estados do Amapá e Roraima.
Pelo mundo – O documentário já foi exibido em vários países, por exemplo, Índia, China, Japão, além de ter passado por festivais na Europa. Além disso, ganhou o prêmio do Festival de Brasília, em 2002, e o Prêmio da Crítica de Taiwan.
O projeto conta com patrocínio da Caixa Econômica Federal (CEF) e com o apoio local da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Equipe do Cinema Ambulante:
Celso de Luccas – Cineasta/Câmera & Projeção (35) 9963-5181, 16h30
Brasília Mascarenhas – Cineasta/Produção
Tainá Luccas – Jornalista/ Produção & Notícias
Luís Mansuêto – Agência Fapeam