DVD sintetiza diálogo entre cultura, direito humano e meio ambiente
15/07/2010 Entender o processo da relação entre homem e natureza, com interface ao direito para uma melhor qualidade de vida, é o que mostra o DVD “O saber que a gente sabe: diálogos entre conhecimentos tradicionais e científicos na Amazônia”. O produto é uma síntese da investigação da pesquisa “Patrimônio Cultural e o Direito Humano ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado”, promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Direito Ambiental (PPDA), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Primeiros Projetos (PPP), o trabalho teve como objetivo estruturar um grupo de pesquisa em direito ambiental centrado na questão dos patrimônios culturais, levantando e sistematizando um conjunto de dados e de legislação.
A pesquisa se estruturava em temáticas sob o viés do direito e de sua complexidade, realizada em várias situações de diferentes contextos de Manaus e do estado do Amazonas, como a aproximação e a ampliação entre cultura e natureza.
Segundo a coordenadora do projeto, Andréa Borghi Moreira Jacinto, o processo de aproximação e ampliação entre cultura e natureza não é distinto. Ela disse que ocorre de forma constante por meio da comunicação. “Não adianta apresentar discursos de proteção à natureza se não envolver neles o cuidado e a regulação, a dimensão social e cultural”, declarou.
A cultura é uma rede de significados, conforme Jacinto, em que tudo tem um sentido a ser executado no dia a dia. Ela afirmou que a natureza é construída socialmente, determinada pela capacidade das pessoas classificarem suas experiências, decodificarem-nas simbolicamente e transmiti-las.
Contudo, há sociedades que não fazem essa separação entre o ser humano e a natureza, salientou Jacinto. “A Antropologia visa ao conhecimento completo do homem, o que torna suas expectativas muito mais abrangentes. Nela se estabelecem conceitos sobre cultura, não só do ponto de vista material e patrimonial, mas objetivando a comunicação entre a disciplina e a perspectiva de se pensar a natureza e o direito ambiental”, afirmou.
Ela enfatizou que cultura faz parte do meio ambiente, entretanto, para as sociedades mais complexas, consideradas “civilizadas” essa combinação não procede, pois cada contexto é formulado e separado. No âmbito jurídico, há uma classificação denominada de “meio ambiente cultural”, onde tudo é produzido pelo homem e pela sociedade. Exemplo disso são as edificações realizadas nas cidades, como prédios, praças, pontes, dentre outras ações que fazem parte desse contexto chamado cultural.
Além dos pesquisadores e alunos do mestrado do PPDA, foram agregados também ao projeto alunos de graduação e graduados no curso de Direito, por meio de bolsas de apoio técnico e de iniciação científica. As bolsas possibilitaram a formação do grupo de trabalho que desenvolveu diferentes temas ligados a cultura, como patrimônio, memória, pensamento, literatura, dentre outros.
Ela disse que, particularmente, o PPP foi um aprendizado em relação ao significado de realização do projeto, de como administrar recursos, prestar contas, coordenar pesquisas e pesquisadores. “Isso foi bom para os envolvidos, principalmente, para os bolsistas de graduação, que pela primeira vez realizaram experiências não só na pesquisa, mas participaram de um grupo de pesquisa”, declarou.
Sobre o PPP
O Programa de Infra-Estrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos (PPP), desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), consiste em apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares, sem fins lucrativos, de ensino superior e/ou de pesquisa sediadas ou com unidades permanentes no Estado de Amazonas visando dar suporte à fixação de jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento.
Foto1: Reprodução da capa do DVD (Foto: Divulgação)
Foto2: Pesquisadora Andréa Borghi (Foto: Sebastião Alves)
Sebastião Alves – Agência Fapeam