Ecólogos trabalham na recuperação do Parque Sumaúma
Estudantes participarão da ação plantando mudas de árvores nativas da Amazônia na área a ser recuperada em reserva ambiental urbana
Dentro do Sumaúma, de acordo com os ecólogos, existem pelo menos cinco hectares (um hectare equivale a um campo de futebol) de áreas que foram severamente degradadas pela extração de argila no passado. “Elas estão abandonadas há mais de 20 anos e a regeneração natural é inexistente”, explica Ana Catarina Jakovac, uma das organizadoras da atividade de regeneração do Parque. Ela é membro do sub-projeto Pioneiras, que integra o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), do Inpa.
Para revitalizar essas áreas, os pesquisadores querem trabalhar a recuperação do solo, uma vez que a regeneração da vegetação não acontece de forma natural. “Isso acontece porque as sementes provenientes da floresta do parque que chegam até essas áreas não conseguem germinar e se desenvolver sobre o solo pobre e compactado que foi deixado. Portanto, para que a floresta possa voltar a crescer ali, é preciso primeiramente trabalhar na melhoria desse solo”, avalia.
Ana Catarina afirmou que a ação de descompactação do solo para torná-lo mais permeável à água e fácil de ser penetrado pelas raízes das plantas é essencial. Segundo ela, é necessário aumentar a fertilidade da local recompondo a camada de matéria orgânica que alimentará as plantas, e isso pode ser feito acrescentando qualquer material que seja orgânico, como composto, restos de podas e resíduos de serraria. “Adubos químicos são utilizados em medidas de recuperação, mas neste caso não seriam eficientes, pois, se não forem diretamente absorvidos pelas plantas, serão lavados pelas chuvas, e, portanto, não ajudarão a recompor a micro e macro faunas, responsáveis pela ciclagem de nutrientes e pela vida no solo”, complementou a pesquisadora.
“A presença de vegetação é fundamental para a recuperação, pois ajuda a diminuir a velocidade de escoamento da água das chuvas sobre o solo. Isso impede que nutrientes e sedimentos sejam carregados. Se o solo estiver descoberto, as intensas chuvas podem causar erosão, chegando a formar voçorocas (grandes canais cavados pelas águas das chuvas) e assorear igarapés”, explica Ana Catarina.
A ação
A primeira etapa do projeto de regeneração do Sumaúma contará com a participação de voluntários, que farão um mutirão para plantar mais de mil mudas de árvores nativas da Amazônia na área a ser recuperada. Dentre os voluntários, estão alunos do Ensino Médio e Fundamental de escolas da Cidade Nova, além de moradores de bairros adjacentes ao parque. O mutirão acontece em comemoração ao “Dia do Rio”, no próximo domingo (23), e contará com outras atividades de lazer e educação ambiental.
“Com a fertilidade e permeabilidade do solo recuperadas, esperamos que as sementes de diversas espécies existentes no parque encontrem ali um lugar apropriado para germinar, se estabelecer e se desenvolver, formando aos poucos uma capoeira e depois uma floresta”, destacou Ana Catarina.