Ecossistemas são fonte de inspiração para pesquisas multidisciplinares


02/01/2013 – Desde a antiguidade, o homem se inspirou na natureza para se desenvolver e fazer inventos que trouxessem melhores condições de vida. O fogo, a roda e artefatos, integram alguns dos elementos que o ajudaram a se alimentar e a se defender dos perigos do dia a dia. Mas a busca desenfreada pela evolução levou o ser humano a degradar a natureza em nome do progresso e do consumismo impulsionados pela Revolução Industrial.

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Atualmente, a humanidade procura a convivência pacífica com o meio ambiente ao aliar desenvolvimento e sustentabilidade, o homem pós-moderno conquista o equilíbrio entre o progresso e a natureza, levando em consideração aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos. a palavra de ordem é sustentabilidade. No Amazonas, na pós-modernidade, as armas utilizadas na luta pelo desenvolvimento são: Ciência, Tecnologia e Inovação.

De acordo com o relatório intitulado ‘Pessoas Resilientes, Planeta Resiliente: um futuro que vale escolher’, do Painel de Alto Nível sobre Sustentabilidade Global da Organização das Nações Unidas (ONU), realizado em janeiro de 2012,  norteia necessidades, conclamando aos governantes a desenvolverem medidas visando à sustentabilidade. É preciso reconhecer que nos últimos anos, o tema é pauta da mídia local e das ações governamentais e não governamentais. Na área científica, considerando com um espaço reservado a reflexão e a busca de soluções de problemas, permite que a ciência quebre paradigmas.   

No centro das atenções

Para alguns cientistas que vivem na região amazônica a visão sobre sustentabilidade não é algo tão recente, já que é impossível desenvolver pesquisas isoladas diante da peculiaridade regional em meio à dimensão continental que a região apresenta. Para o doutor em Ciência da Computação e professor do Instituto de Ciência da Computação (Icomp) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ruiter Caldas, a definição de sustentabilidade influenciou até mesmo a organização institucional e o planejamento das ações, que, desde os anos 1990, vem articulando a criação de uma cultura sobre a pesquisa de ponta voltada à realidade local.

O Icomp realiza pesquisas de alta relevância, em áreas especificas da  computação, que foram adequadas a realidade regional. Em alguns casos, pesquisas com resultados satisfatórios em outros países, quando  aplicadas em nossa região, é necessário passar por uma adaptação. O pesquisador afirma que em outros lugares do país é possível instalar fibra ótica, mas pelas condições geográficas da região, torna-se inviável por conta do altíssimo custo na obtenção da internet via satélite.

/Para o professor, a adaptação do barco regional, meio de transporte comum na Amazônia, daria o suporte para transmissão de informações. “Essa ideia consiste em adaptá-lo como  núcleo de comunicação que ao passar pelas cidades, trocaria informações, tudo sem fio, fazendo um padrão de temporização, por mais que seja mais lenta, mas a informação estaria circulando. Nós temos barcos que navegam os rios da Amazônia e não tendo internet disponível nessas localidades ribeirinhas, levaria um grande  volume de dados, conectando aos servidores locais, trocando informações em movimento, sem precisar parar”, explica.

Outro experimento apontado pelo professor é o estudo utilizando sapos, visando avaliar a saúde de uma localidade. Os pesquisadores avaliam as condições do meio ambiente por meio da interpretação da vocalização dos enuros. A presença destes animais numa região significa que o ambiente é saudável e o sumiço deles, significa a  degradada ambiental. O processo se dá por com a utilização de sensores sonoros para a captação da vocalização, posteriormente é realizada a interpretação do resultados proporcionando uma análise ecológica do terreno, comenta o professor.

Os pesquisadores do Icomp atuam fortemente em pesquisa e extensão, concentrando a formação de novos pesquisadores por meio do Programa de Educação Tutorial (PET) de Ciência da Computação. Eles contam com fomento de importantes agências e instituições, sendo direcionados para oito projetos de pesquisa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), quatro pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), duas pesquisas com a Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep/MCTI), dois projetos com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), atuando nas diversas linhas para a obtenção de recursos.

Inspiração que vem da natureza

Para Caldas, algo fascinante na Ciência da Computação é que ela se inspira na natureza para buscar soluções baseados no comportamento dos ecossistemas. Um exemplo é o agrupamento em cardumes ou em times que competem como objetivo, isso pode produzir resultados para trabalhos na área de pesquisa operacional. O comportamento das formigas também inspirou pesquisas na área de roteamento de rede, que utilizam a aproximação baseado em alguns número chamado de rastro. Isso consiste no fato das formigas procurarem um caminho e quando uma acha, libera um feronômio conduzindo as demais para o mesmo caminho, criando um rastro e fazendo com que todas as outras a sigam.

Ainda nessa linha de raciocínio, o pesquisador também destaca os estudos baseados em Fractais, que acredita ser uma inspiração direta da natureza, permitindo descrever muitas situações que não podem ser explicadas facilmente, como um modelo do crescimento das folhas numa árvore ou o formato de um floco de neve caindo. Nesse contexto, o processamento de um programa de computador pode gerar aquele comportamento baseado numa equação matemática que se originou com a chamada Série de Fibonacci, que pode explicar várias coisas na natureza, como a formação de uma família. O pesquisador ressalta que a Ciência da Computação busca sempre ir lançando e vencendo desafios advindos de sonhos do homem, como a robótica que foi desenvolvida a partir do desejo do homem de ter um escravo para trabalhar para ele.

Entre as pesquisas realizadas pelo Icomp há um estudo utilizando sapos que visa avaliar a saúde de uma localidade. Os pesquisadores avaliam as condições do meio ambiente por meio da interpretação da vocalização dos enuros. A presença destes animais numa região significa que o ambiente é saudável e o sumiço pode significar que a região está sendo degradada. O processo se dá por com a utilização de sensores sonoros para a captação da vocalização, posteriormente é realizada a interpretação do resultados proporcionando uma análise da ecologia do terreno.

“A natureza e o comportamento da natureza inspiram vários tipos de pesquisa em computação. A computação cria ferramentas para ajudar o homem no seu trabalho diário e facilitar a vida e aí surgem os editores de texto, os bancos de dados entre outras, quer dizer essa natureza de usar o que a natureza tem está totalmente relacionado à ciência da computação, na maioria das vezes a gente observa a natureza e como as coisas acontecem tão bem nela e como isso pode ser refletido dentro de um computador e então as coisas começam assim”, ressalta Caldas.

Na próxima reportagem na série Ecossistemas, é possível observar a influência destes na formas de comunicação durante a era da interatividade.

Edilene Mafra

Reportagem Especial – Agência FAPEAM

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