Educação de crianças com deficiências auditivas necessita de mais tecnologia
18/02/2013 – O processo comunicativo no ensino-aprendizagem de crianças surdas foi tema de dissertação de mestrado, pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da professora e jornalista Macri Elaine Colombo.
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Durante um ano ela acompanhou em sala de aula, a metodologia de alfabetização usada pelos professores na Escola Estadual Augusto Carneiro dos Santos em Manaus, onde com exceção de um professor que é surdo, os demais são ouvintes.
Apesar dessa diversidade, é importante ressaltar que ao contrário das crianças ouvintes, onde a primeira língua trabalhada é o português, a alfabetização de uma criança surda deve começar sempre pela Libras, a língua brasileira de sinais. No Brasil, a comunidade surda desenvolveu esse método, assim como em outros países as comunidades locais desenvolveram sua própria língua de sinais. “Não dá para se ter uma boa comunicação se não houver um processo comunicativo, e a percepção do surdo é visual, por isso não adianta começar pelo português”, destacou a jornalista.
Os benefícios da tecnologia na alfabetização dos surdos
Durante a pesquisa, foi verificado que a escola adota o método do bilinguismo, em que a criança aprende primeiro o método de Libras, e depois o português. Para isso, os meios visuais utilizados em sala de aula são tradicionais, como o uso de jornais, fotografias, revistas, que são aliados à comunicação por Libras. Mas numa época de crescentes avanços e investimentos em tecnologia e inovação, onde se fala muito em inclusão digital, Macri destaca que essa metodologia poderia ser mais compartilhada com recursos digitais.
Nesse mesmo grupo de estudo, a pesquisadora percebeu que quando havia o uso de tecnologia em sala de aula, mesmo que eventual, o processo de alfabetização se tornava mais eficaz do que o método clássico. Para a jornalista, a metodologia tradicional é pouco atrativa, as crianças passam muito tempo apenas desenhando ou pintado. “A absorção de conteúdo é muito mais rápida com o uso de tecnologia, principalmente quando o recurso digital utiliza o sistema de Libras, a empolgação e a interação são bem maiores”, completou.
Necessidade da inclusão digital
Apesar do uso do computador como ferramenta educacional ter se mostrado útil e proveitoso no processo de ensino-aprendizagem entre crianças ouvintes e surdas, a aplicação de tecnologias no processo de alfabetização de crianças surdas, ainda é muito pequena nas escolas públicas do Amazonas. A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) em seu documento ‘Grandes desafios da pesquisa em computação no Brasil’ preconiza o acesso universal do cidadão brasileiro ao conhecimento, como uma das metas a serem atingidas com a ajuda da comunidade da Computação até o ano de 2016. Este tema reflete no aumento dos níveis de conscientização da população em torno do tema acessibilidade digital, considerando crianças com diferentes necessidades, dentre elas as crianças surdas.
Regulamentação da Libras no Brasil
A Libras é a sigla da Língua Brasileira de Sinais, a língua materna, natural dos surdos. Sua origem veio da Língua de Sinais Francesa. No Brasil, a Libras foi legalizada como forma de comunicação e de expressão dos surdos, a partir da sanção, no dia 24 de abril de 2002, da Lei 10.436.
Fonte: Ciência em Pauta