Educação escolar das famílias do Tarumã-Açu é tema de pesquisa
23/05/2011 – O acesso de todos à educação é um direito assumido por diversas nações, porém, verifica-se que nem sempre esse direito é exercido plenamente. Nesse contexto, torna-se um desafio para os educadores compreender as razões sociais que fazem com que inúmeras pessoas permaneçam inacessíveis à educação.
Por meio do projeto ‘A luta das famílias pela educação escolar dos seus filhos: um estudo na comunidade de Pontalzinho do Tarumã-Açu, na cidade de Manaus’, a doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-SP, Maria do Céu Câmara Chaves, analisou as práticas educativas de sete famílias situadas numa área de transição entre as zonas urbana e rural. A pesquisa contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Amazonas (RH-Interinstitucional).
Segundo a pesquisadora, a intenção foi compreender as práticas educativas dos pais, procurando analisar como atuam na educação de seus filhos, as dificuldades que encontram no processo de escolarização, além da avaliação e do acompanhamento escolar dos menores.
Contexto do projeto
De acordo com a pesquisadora, a comunidade do Pontalzinho é constituída atualmente por 52 famílias com uma média de 5,5 pessoas/família. Essas famílias viviam, anteriormente, em pequenos povoados ou localidades no interior do Amazonas, principalmente nas áreas ribeirinhas, com pouca divisão de trabalho, modo de produção baseado na pequena produção familiar cujo objetivo era a subsistência.
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas realizadas com os professores da escola e com as mães das famílias participantes. Em seguida, foram efetuadas observações no modo de vida dessas famílias e de suas diversas atividades, que foram devidamente registradas em diário de campo e de registro fotográfico.
Segundo os dados analisados, o resultado confirma o envolvimento dos pais na escolaridade dos filhos, tanto na valorização atribuída à educação, quanto na prática de estratégias como a organização da vida doméstica e das tarefas de acompanhamento das atividades escolares.
As famílias pesquisadas consideram uma obrigação o filho frequentar a escola e ressaltam que a melhoria de vida depende de sua escolarização, tanto que foi observado o interesse pela busca da escolarização por parte de alguns pais, matriculados no curso noturno de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Motivação surgiu com a própria experiência
Chaves afirmou que a motivação para a pesquisa começou quando sua mãe fundou uma escola em casa para ensinar as crianças que não tinham acesso à educação. “Meus pais procuravam mostrar aos filhos a importância de estudar como herança valiosa, enfatizando que a educação era o único meio de se tornar ‘alguém na vida’, uma riqueza que ninguém poderia tirar”.
As experiências foram desenvolvendo as primeiras indagações sobre a temática. “O convívio com tal realidade acrescentava-me novos questionamentos sobre as circunstâncias em que viviam aquelas crianças e o que as impedia de ir à escola pública, o que me incentivou a me comprometer com essa questão”, explicou a pesquisadora.
Sobre o RH-Interinstitucional
Esse programa consiste em apoiar, com bolsa de curta duração, alunos de mestrado e doutorado formalmente matriculados em curso de pós-graduação fora de sede ofertados em Manaus e credenciados pela Capes, para desenvolvimento de atividades acadêmicas na instituição parceira.
Redação: Nefa Costa
Edição: Fábio Guimarães – Agência FAPEAM