Empresa inova e reaproveita resíduo do guaraná
26/04/2012 – Unir num único projeto a possibilidade de reaproveitar os resíduos do processo de industrialização do guaraná, a produção de papel e subprodutos sustentáveis e a inovação garantindo a geração de renda e a preservação ambiental. Isto foi o que uma empresa situada no coração da Amazônia conseguiu a partir de um Programa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), que apoia empresas interessadas no desenvolvimento de pesquisas.
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A partir do projeto já concluído a empresa, Reciclagem e Fibras da Amazônia (Refiam) expôs ao mercado a preocupação com a questão ambiental mostrando que seu principal objetivo é contribuir diretamente com o reaproveitamento dos resíduos do guaraná, de forma a evitar que rios e igarapés sejam poluídos. A proprietária Maria Salete Rocha, que atua há mais de 17 anos na área de reciclagem de papel e papelão, decidiu inovar ao adotar a casca e o casquilho do guaraná para a produção de papel.
A Refiam faz a captação dos resíduos da fruta em conjunto com a empresa Agrorisa Produtos Alimentícios Naturais, que possui filiais nas comunidades ribeirinhas e associações indígenas em Maués, município do interior do Amazonas localizado a 276 quilômetros a leste de Manus e principal produtor de guaraná e fornecedor da matéria-prima, casca e casquilho do fruto.
“O guaraná é um fruto essencialmente amazonense e muito conhecido no Brasil e no exterior através de sua transformação em bebida. Logo, percebemos que o reaproveitamento de sua matéria-prima teria uma maior visão e um maior apelo ambiental, por isso resolvemos mostrar que é possível o beneficiamento de seus resíduos”, disse Rocha.
A partir de técnicas desenvolvidas durante a pesquisa a casca e o casquilho são processados e transformados em papel. Este processo inclui a transformação e trituração do casco e casquilho da fruta, a formulação e mistura da polpa de papel, a aplicação de pigmentos naturais, a formação das folhas de papel, prensagem, secagem e a inspeção de qualidade ao final da produção.
Atualmente, com a inserção da empresa no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide), a produção que no começo era de forma artesanal na casa da empresária está se industrializando.
“Abracei a causa ecológica, comecei a produzir em casa. Vi minha empresa se desenvolver e agora tudo é feito com máquinas. Gerei um novo tipo de papel reciclado e produtos ecologicamente corretos, aumentei o portfólio de produtos da Refiam com a inclusão de kits para treinamento, as embalagens e caixas agora são de papel reciclado do guaraná e seu pigmento”, destacou a empresária.
O empreendimento contou com fomento do Governo do Estado do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas (Pappe Subvenção/Finep Amazonas), que disponibiliza recursos financeiros a micro e pequenas empresas interessadas na produção de produtos inovadores. Um programa que conta com parcerias firmadas com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep-MCTI), Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Amazonas (Sect-AM), Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas (Seplan), Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e o Sebrae-AM.
Expansão
A empresária está em busca de novos parceiros dentro e fora do Estado para que sua produção seja ampliada.
"No momento estou articulando alguns contatos empresariais dentro e fora do Estado e também decidi iniciar uma corrente empreendedora com o titulo de ‘Economia Verde’. Meu processo de geração de patente sobre papel de guaraná é a prova que ainda há muito a ser feito no campo da inovação sustentável", destacou Rocha.
A empresária destaca que o papel da FAPEAM no fomento e na questão de proporcionar o aperfeiçoamento produtivo e social de novos processos, produtos, ou serviços é essencial.
"Este apoio é de extrema importância pois, sem os incentivos, o desenvolvimento do nosso projeto, por exemplo, estaria inviabilizado. A viabilização permite o desenvolvimento sustentável, a inovação tecnológica, o aumento, qualificação e a diversificação da produção, além de permitir a pesquisa, o crescimento da carteira de clientes, o faturamento e a exploração de novos mercados", lembrou.
Saiba mais: Assita ao vídeo sobre esta iniciativa, clique aqui.
Sobre o Guaraná
O guaraná (Paullinia cupana), é um cipó originário da Amazônia. O fruto é encontrado no Brasil, Peru, Colômbia e Venezuela, sendo cultivado principalmente no município de Maués, no Estado do Amazonas e na Bahia. Segundo dados divulgados pela Prefeitura de Maués a expectativa é colher no período de 2011/2012, cerca de 400 toneladas de semente seca de guaraná. Dos 4,5 mil hectares de área plantada em Maués, 3 mil estão em franca produção. A cidade de Maués tem 1,6 mil famílias que vivem da produção de guaraná.
Redação : Rafaela Vieira
Edição: Ulysses Varela – Agência FAPEAM