Encontro de Jornalismo de CT&I reúne estudantes e profissionais na SNCT, em Manaus

Os convidados do I Encontro foram: Leandro Duarte, Jão Garcia, Glaucia Chair, Ivânia Vieira e Ennio Candotti. (Foto: Eduardo Gomes/CiênciaEmPauta)
O desafio de levar a ciência para o público de forma simplificada, com ênfase na utilidade e função social, foi o centro do debate, nesta quinta-feira (06), durante o I Encontro de Jornalismo de CT&I do Amazonas.
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A ação faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que é realizada pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (SECTI-AM) , por meio do Programa de Comunicação Científica, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
Para um público de acadêmicos e jornalistas, o físico e diretor do Museu da Amazônia (Musa) e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti, realizou a palestra com o tema “Desafios da pauta de CT&I na mídia”.
“A questão é saber quais são os principais desafios da divulgação científica, envolver os cientistas e ajudá-los para que escrevam o que sabem. O trabalho do jornalista é levar essa informação de forma simples para o público. O cientista não é concorrente do jornalista. Tem trabalho para todo mundo”, ressaltou Candotti.
Para o físico, o jornalista deve ser portador de perguntas “inconvenientes” e buscar respostas simples para situações complexas que afligem a toda a sociedade.
Candotti enfatizou a necessidade de se conhecer a Amazônia para poder divulgá-la como patrimônio. “A floresta vale pelos seus micro-organismos. Estamos no maior laboratório do mundo, um museu a céu aberto. Não podemos aceitar divulgar a ciência sem entender para que serve, seus benefícios. A divulgação é nosso único instrumento para regular toda essa gama de informações desreguladas”, disse.

Na plateia do Encontro, jornalistas e estudantes de Comunicação. (Foto: Eduardo Gomes/CiênciaEmPauta)
O diretor do Musa terminou a palestra convocando os estudantes, jornalistas e futuros profissionais a priorizarem o bem coletivo em detrimento dos interesses econômicos que permeiam a divulgação científica. “Escolham o interesse público, sejam os porta-vozes desse público e de sua curiosidade. É preciso politizar a divulgação científica para que ocorra a popularização da ciência”, destacou.
Após a palestra, a jornalista, especialista em Teoria e Pesquisa em Comunicação, mestra pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), coordenadora do programa LigAção – Comunicação, Meio Ambiente e Cidadania na Amazônia (Decom-Proext-Ufam), professora universitária e articulista do jornal A Crítica, Ivânia Vieira, realizou a moderação do debate entre o público e os convidados.
Compuseram o grupo de debatedores, o jornalista Jão Garcia, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e cartunista e quadrinista do boletim eletrônico “ComCiência” da Unicamp/SBPC; o jornalista Leandro Duarte, editor chefe e coordenador da Unidade de Informação e Comunicação da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti) e responsável pelo portal Gestão CT&I, de Brasília (DF); e Glaucia Chair, professora universitária e gerente de notícias de internet da Rede Amazônica.
Para Duarte, o desafio é a sobrevivência do jornalismo científico em um mercado de trabalho cada vez mais escasso. “Não temos recursos para promover essa divulgação científica da forma como deveria ser. A maioria dos profissionais trabalha em veículos institucionais. Ainda existe uma dificuldade enorme de acesso aos pesquisadores e seus trabalhos”, opinou.
Já Gláucia Chair, ressaltou o templo de conhecimento que é a Amazônia e a urgência de divulgar essa riqueza para o mundo. “Se nós que estamos aqui não fizermos essa divulgação, quem vai fazer por nós? O portal em que trabalho já foi muito premiado pela prioridade dada ao tema científico, embora ainda não tenhamos a audiência que gostaríamos de ter”, avaliou.
Ciência e humor
O cartunista Jão Garcia apresentou inúmeros quadrinhos publicado desde 1994, mostrando aos estudantes e profissionais a forma bem humorada de criticar e chamar para a reflexão. “Toda piada é humor, mas nem todo humor é piada”, declarou. Entre os trabalhos apresentados, estavam alguns sobre a temática da Amazônica, biomas e o Marco Civil da Internet.
Para Garcia, ilustrar a informação científica por meio dos desenhos chama a atenção do leitor, levando-o a enxergar a questão de forma mais crítica.
Para encerrar o Encontro, os participantes puderam fazer perguntas aos debatedores. Entre as principais questões enfatizadas pelos estudantes de Jornalismo e pelos profissionais está a dificuldade de entendimento sobre o conteúdo repassado, como os textos das pesquisas.
Para o físico Ennio Candotti, se o cientista não responde claramente às perguntas dos jornalistas é porque não entendeu o que está fazendo. “Por meio de metáforas, e imagens podemos explicar tudo. Somos todos pequeninos, não se intimidem”, finalizou.
SNCT
I Encontro de Jornalismo de CT&I do Amazonas foi uma das atividades promovidas pela SECTI-AM, no âmbito da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que este ano tem como tema “Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social”.
A SNCT termina nesta sexta-feira (7) e está sendo realizada no Clube do Trabalhador do Amazonas – Sesi, localizado na Alameda Cosme Ferreira, 7.399, São José I, zona leste de Manaus.
Fonte: CIÊNCIAemPAUTA, por Alessandra Karla Leite