Energia sustentável evita agressão à floresta nativa


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Um sistema de produção de lenha com foco na preservação das espécies nativas está sendo desenvolvido no município de Iranduba, a 27 km distante de Manaus em linha reta. Durante pesquisa realizada na região, foram identificadas plantas nativas e exóticas,  que mostraram resultados positivos na produção de lenhas, podendo ser utilizadas nas fábricas de tijolos e telhas, localizadas naquele município.

Realizada desde 2007, a pesquisa tem o objetivo  de selecionar espécies florestais com aptidão para produção de lenha de rápido crescimento e que  sejam adaptáveis à região. Para o engenheiro florestal responsável pela pesquisa por meio da Embrapa, Roberval Monteiro Bezerra de Lima,  a escolha do município de Iranduba, está relacionada à maior concentração de olarias.

O projeto foi desenvolvido pelas empresas Cerâmica Montemar e Rio Negro, com o apoio técnico da Embrapa Amazônia Ocidental, com o aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas (Pappe), no valor de R$ 150 mil.

Segundo o pesquisador, inicialmente, foram selecionadas para estudo 12 espécies nativas e exóticas, destas algumas espécies se destacaram por apresentarem resultados animadores. Entre elas estão:  Acacia mangium, proveniente da Austrália, Acacia auriculiformis, Sclerolobium paniculatum (espécie nativa popularmente conhecida como tacchi-branco) e Bambusa vulgaris var. vitatta (bambu).

Monteiro ressaltou que uma boa produção de lenha para queima ocorre desde a fase do viveiro, produção de mudas até o corte final.  “Isso pode ser realizado em três anos, mas depende muito do planejamento aplicado ao plantio. A produção para corte pode se prolongar até cinco anos, como também pode ser antecipada para um período de dois anos. Isso ocorre com as espécies exóticas", explicou. Entretanto, segundo o pesquisador, nas espécies nativas, no caso o Tacchi Branco, o corte pode ocorrer em até oito anos por causa do lento processo de crescimento.

Problema

A pesquisa surgiu a partir de um dos grandes problemas identificados na região do Iranduba. As olarias não aplicam técnicas de manejo sustentável para obtenção de energia, causando agressão excessiva à floresta sem retorno da paisagem original. O material utilizado na produção energética em algumas dessas fábricas ainda é proveniente do extrativismo das florestas primárias e secundárias.

Para entender melhor a questão do uso desordenado dos recursos florestais pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foram a campo e realizaram, com apoio da FAPEAM, uma reflexão sobre o uso racional de materiais energéticos nas olarias.

 

 

Resultado promissor

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A espécie exótica, Acacia mangium, foi a que apresentou melhor resultado, alcançando já aos três anos, 20m de altura, com diâmetro em média de 20cm.

Para conseguir este resultado, Monteiro explicou que o plantio inicial foi feito no espaçamento de 3×2 m², equivalente a 1.667 árvores por hectare. “De acordo com as mostras, o volume cilíndrico variou de 150 m³ a 180 m³, o que corresponde a um incremento médio anual de 45 m³ por hectare/ano”, explicou.

Para o pesquisador, uma das maiores contribuições do uso dessa tecnologia foi a diminuição da pressão sobre a floresta nativa. Isso fez com que as olarias de Iranduba utilizassem o material oriundo do plantio ordenado, possibilitando, assim, o cumprimento das obrigações ambientais.

“Outro fator importante, e que deve ser mencionado, foi a existência do componente sócio-ambiental, pois com a utilização da lenha produzida no plantio ordenado, conseguimos gerar emprego e renda para pequenos produtores e extratores de madeira, que ao invés de extraírem ilegalmente passaram a ser produtores dela” disse Monteiro.      

Sobre o Pappe

 

O Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas (Pappe Subvenção/Finep Amazonas), da FAPEAM, consiste em apoiar, com recursos financeiros, micro e pequenas empresas interessadas no desenvolvimento de produtos e processos inovadores. É desenvolvido em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep-MCT), Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia do Amazonas (Sect), Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas (Seplan), Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e o Sebrae-AM.

 

Sebastião Alves Filho – Agência Fapeam

Foto 1 – Extração de madeira prejudica o meio ambiente (Foto: Divulgação) 
Foto 2 – Acacia mangium foi a espécie que apresentou melhor resultado para geração de energia (Foto: Divulgação)

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