Energia verde


Pesquisa do LBA mostra como a Hidrelétrica de Balbina pode dobrar capacidade de produção e vender créditos de carbono

A Hidrelétrica de Balbina, construída há mais de vinte anos no Amazonas, poderia dobrar sua capacidade média de produção energética com o aproveitamento do metano que passa pelas turbinas. Atualmente, Balbina é considera a hidrelétrica de menor vantagem ambiental já construída no Brasil. Somente em 2005, a hidrelétrica emitiu carbono equivalente a 56% do gás carbônico produzido pela queima de combustíveis fósseis pela cidade de São Paulo.

A constatação é resultado da pesquisa “Metano emitido à jusante de uma hidrelétrica tropical”, desenvolvida pelo Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), por três pesquisadores, de 2002 a 2006. O resultado foi publicado em junho desse ano, na revista Geophysical Research Letters.

Os dados indicam que Balbina gera hoje dez vezes mais metano e gás carbônico do que uma termelétrica movida a carvão mineral com o mesmo potencial energético. A emissão alta se dá devido à intensa decomposição do material orgânico no fundo do lago.

O metano é um dos principais gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. Apesar de ter um tempo de vida menor do que o gás carbônico, ele tem um potencial de aquecimento maior, de acordo com o pesquisador Alexandre Kemenes, doutor em Ecologia Aquática e um dos autores do estudo. “Em 2005, o metano emitido à jusante de Balbina foi equivalente a 8 % de todo gás carbônico produzido pela cidade de São Paulo na queima de combustíveis fósseis”.

Esse problema poderia ser transformado em solução, com o aproveitamento do metano como fonte de energia. “O aproveitamento do metano dobraria o potencial energético médio de 120 MW. A questão, no entanto, ainda é muito polêmica”.

Os pesquisadores já desenvolveram e patentearam o processo de captura e aproveitamento do gás metano que passa pelas turbinas. A idéia é impedir que o metano concentrado no fundo dos lagos seja liberado para atmosfera no momento em que a água perde a pressão (durante a passagem pelas turbinas), isso ocorre de forma semelhante a uma garrafa de refrigerante quente que borbulha logo depois de ser aberta.

Além da geração energética, há a possibilidade de obter créditos de carbono, que entram na forma de investimento estrangeiro por países que querem compensar suas emissões de gases-estufa. "Todo esse processo diminuiria a contribuição de metano à atmosfera, se convertendo em créditos de carbono pelo Banco Mundial, com a produção de energia limpa”, afirma Kemenes.

Michelle Portela – Agência Fapeam

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