Campanha Setembro Amarelo tem foco na prevenção ao suicídio


Setembro é o mês de prevenção ao suicídio. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) cerca de 50% a 60% das pessoas que morreram por suicídio nunca se consultaram com um profissional de saúde mental ao longo da vida.

Cerca de 96,8% dos casos de suicídios registrados estavam associados a históricos de doenças mentais que podem ser tratadas. Por isso, a informação correta direcionada à população é muito importante para orientar e prevenir o suicídio.

Para falar sobre o assunto o Portal da Fapeam conversou com a médica psiquiatra Lóren Cavalcante.

LÓREN CAVALCANTE - MÉDICA PSIQUIATRA - FOTOS FORA

Fapeam – Por que reservar um mês do ano para falar sobre prevenção do suicídio?

Lóren Cavalcante – Principalmente porque os índices de suicídio estão cada vez maiores no Brasil e no mundo, e o objetivo da Campanha Setembro Amarelo é prevenir e reduzir esses números. O dia 10 deste mês é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano. Desde 2014 a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza nacionalmente a Campanha Setembro Amarelo.

Fapeam – Por que é tão importante falar sobre a prevenção do suicídio?

L.C – São registrados cerca de 12 mil suicídios por ano no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Quanto mais falarmos sobre isso, mais as pessoas irão compreender que é uma doença, que requer tratamento especializado com psicólogo e psiquiatra, dessa forma, elas serão incentivadas a procurar ajuda.

Fapeam – Por que falar sobre suicídio continua sendo um tabu?

L.C – Muitas pessoas acreditam que falar sobre suicídio pode incentivar uma pessoa a se suicidar. Pelo contrário, é uma oportunidade para a pessoa que está sofrendo, angustiada, falar sobre o assunto e até pedir ajuda. Para isso, temos o Centro de Valorização à Vida (CVV), que é um serviço de apoio gratuito e funciona todos os dias, 24h/dia através do número 188.

Fapeam – Como a sociedade pode evitar o agravamento das estatísticas de suicídio?

L.C – O suicídio é um fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Mas o suicídio pode ser prevenido! Saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo a você pode ser o primeiro e mais importante passo. Por isso, fique atento se a pessoa demonstra comportamento suicida e procure ajudá-la.

Fapeam – É possível perceber os sinais que podem desencadear o ato suicida?

L.C – Sim. Quase que invariavelmente as pessoas que tentam cometer suicídio ou que efetivamente cometem demonstram sinais. Dentre os sinais estão isolamento, preocupação com a própria morte ou falta de esperança. Alguns comentários requerem uma atenção maior como, por exemplo: “Vou desaparecer”, “Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”, “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar…”.

Fapeam – Onde procurar ajuda especializado para que se defina a melhor rota terapêutica?

L.C  Aqui em Manaus temos uma rede de atenção em saúde mental que engloba o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e as Policlínicas.

Fapeam – Qual relação entre suicídio e as doenças de ordem mental, principalmente a depressão?

L.C – Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. Por isso, a necessidade de sempre procurar ajuda profissional.

 

Por: Helen de Melo

Fotos: Érico Xavier