Plantas amazônicas podem ser usadas no combate a rugas e manchas na pele

Lima disse que atualmente trabalha com cinco espécies com potencial para a indústria cosmética. Foto: Érico Xavier/Agência FAPEAM.
Doutor em Farmácia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor adjunto da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Amazonas (FCF/Ufam), Emerson Silva Lima desde 2004 tem se dedicado ao estudo de extratos de plantas amazônicas com o potencial às indústrias farmacêuticas e de cosméticos. Ele explicou que se trata de um trabalho demorado, pois se precisa testar muitos extratos até se chegar a um que tenha potencial.
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O pesquisador atualmente trabalha com cinco espécies com potencial para a indústria cosmética. Há também alguns protótipos de fitoterápicos (obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas de vegetais). Contudo, é uma área mais complexa para se transformar plantas em produtos, devido às leis e aos testes clínicos e pré-clínicos, os quais são demorados e encarecem o processo.
Coordenador do projeto ‘Prospecção de bioativos e desenvolvimento de formas farmacêuticas e cosméticas: explorando a biodiversidade amazônica’, Lima desenvolve sua pesquisa com o apoio do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Ele foi contemplado pelo Edital 009/2011 do Programa de Apoio a Núcleos Emergentes de Pesquisa (Pronem), cuja avaliação final foi em agosto. Atualmente, participa de um projeto de pesquisa contemplado pelo Programa de Subvenção Econômica à Inovação Tecnológica em Micro e Empresas de Pequeno Porte no Estado do Amazonas (Edital 025/2013 – Tecnova/AM).
A seguir, confira a entrevista concedida à Agência FAPEAM, na qual ele contou como funciona o trabalho de bioprospecção de bioativos, falou sobre as plantas promissoras para o desenvolvimento de cosméticos e o laboratório que coordena na Ufam.
Agência FAPEAM (AF) – Qual o trabalho desenvolvido pelo laboratório que coordena?
Emerson Lima – Nosso objetivo é fazer bioprospecção (estudo de atividades biológicas) de bioativos naturais. Trabalhamos com plantas da região amazônica no desenvolvimento de produtos que possam ser aplicados nas indústrias farmacêutica e cosmética.
O laboratório funciona com dois professores, orientando alunos de mestrado, doutorado e iniciação científica. Também contamos com um pesquisador Desenvolvimento Científico Regional (DCR) da FAPEAM. São esses profissionais que dão o suporte para o andamento das pesquisas. Os projetos são realizados em função das dissertações e teses dos alunos.
Ao longo desses dez anos de pesquisa, acredito que temos um banco com mil extratos diferentes. Contudo, especificamente esse projeto, previa-se o estudo de 200 deles, todavia o número de plantas é enorme. No laboratório, fazemos análises daqueles que têm potencial para a indústria.
AF – Existe algum extrato promissor sendo pesquisado?
Emerson Lima – Atualmente, temos cinco espécies que detectamos o potencial para a indústria cosmética. Temos alguns protótipos de fitoterápicos, mas é uma área mais complexa para se transformar o extrato em produto.
Podemos citar algumas espécies, como o jucá (Caesalpinia ferrea) e o mulateiro (Calycophyllum spruceanum). Temos um dado novo de um fruto não muito conhecido. Trata-se do piquiá (Caryocar villosum), o qual tem tido um resultado excelente.
As análises dos extratos estão relacionadas com a despigmentação da pele (clarear mancha), inclusive temos um projeto com uma empresa local em andamento, mas não posso dar detalhes. Posso adiantar que é uma planta nova e a previsão é de que o produto seja lançado no mercado em 2015. Também realizamos testes na linha de antienvelhecimento, a qual é ligada aos antioxidantes; inibição da degradação do colágeno; além da proteção contra os raios ultravioleta.
AF – Qual a aplicação prática das plantas citadas?
Emerson Lima – O mulateiro é conhecido no mercado. Atua no processo de despigmentação (clarear a pele). Contudo, não impede que sejam desenvolvidos produtos novos. O projeto serve para dar base científica ao mulateiro.
Sobre o jucá, também atua no processo de despigmentação, na área de cicatrização e produção de colágeno e como antioxidante. É uma planta excelente para formulações dérmicas. Em relação ao piquiá, as análises são recentes, dependendo da aplicação pode ser motivo de patente. Iniciamos um projeto novo com o apoio do Tecnova/AM. Iremos auxiliar uma empresa na formulação e em testes que serão feito com o piquiá. Não podemos divulgar muita coisa.
AF – O laboratório é responsável por fazer todos os procedimentos, desde os testes dos extratos das plantas até a transformação em um cosmético, por exemplo?
Emerson Lima – As pesquisas são colaborativas. Quando começamos uma linha de testes de extratos e vemos que tem potencial, melhor do que tentar desenvolver todo o processo é buscar parceiros que detenham o conhecimento necessário. O nosso know how é fazer essa primeira linha, isto é, tentar descobrir se os extratos têm potencial para o uso em alguma indústria.
Não sou especialista em proteção ultravioleta, por exemplo, contudo posso fazer alguns testes preliminares que podem me dar uma indicação de que os extratos são promissores. Em seguida, busco parceiros no estado ou fora dele que sejam especialistas e já tenham os protocolos montados. O objetivo é fazer com que o trabalho ande mais rápido.
Luís Mansuêto – Agência FAPEAM