Escreve, enquanto pesquisa
O interesse pela escrita entre os universitários é crescente no Amazonas. Trata-se de um processo em contínuo desenvolvimento nas Instituições de Ensino Superior, no interior dos grupos de pesquisas cadastrados no CNPq e nos incentivos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Especificamente sobre a escrita, entre o interesse e a prática há todo um ritual a ser seguido, mas o potencial para revelar conhecimentos através da escrita precisa estar presente no universo mental e prático daqueles que pretendem percorrer tais meandros. No início é mesmo assim; escreve-se sobre o que foi lido; o que alguém falou; o que alguém quase escreveu ou quase disse. É um processo recorrente nas experiências de quem se propõe a pensar, discutir idéias e escrever como formas de participar da construção social.
E como todo processo, esse também precisa ser finalizado para que um outro se apresente, talvez mais instigante, menos passivo e mais revelador, pois compreende o próprio pensar, as diferentes formas de ler o mundo, de descobrir caminhos que aproximam da verdade dos fatos, das coisas, das estruturas políticas, sociais e culturais, que engendram a vida de cada um e de todos.
È no início desse processo de construção e desconstrução do conhecimento, que se transita do cenário conteudista para o mundo da análise e da autoria. Na verdade, os processos existem independentemente das pessoas e das suas consciências de vida. Significa dizer que as imposições às pessoas inexistem, embora haja a necessidade de as pessoas se apropriarem das informações para o desenvolvimento do conhecimento. A ocorrência dessa fase está subordinada à capacidade de ultrapassar o limite diário da perseguição da satisfação das necessidades básicas, para conquistar a condição de sorrir quando julgar, por si mesmo, que é necessário.
Sendo assim, pode-se viver todo o tempo repetindo o que já foi dito, seja através da fala ou da escrita, sem a apropriação e a ampliação dos conhecimentos, características naturais do processo de busca de autoria, que provoca alterações nas relações entre homem e mundo.
Repetir o que tem sido dito por outros autores em suas obras será sempre necessário, seja nas citações, seja nas fundamentações teóricas para explicar um conhecimento novo ou ampliado, mas a escrita construída no presente também deve ser fonte de revelação de conhecimentos inéditos, provenientes de observações, aprofundamento de estudos e diferentes abordagens de temas já estudados.
Portanto, o interesse crescente pela escrita no Amazonas é indício de evolução do pensamento crítico e da predisposição em compreender as diferentes formas de se relacionar com o mundo onde se vive. Quando se trata de uma escrita conseqüente dos estudos de pesquisas, percebe-se que os investimentos em Ciência e Tecnologia no Amazonas poderão gerar frutos, em forma de justiça cognitiva, a verdadeira semente que possibilitará a conquista da justiça social, no Estado.
Evandro Brandão Barbosa